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Grupo Papo Corpóreo, de Londrina, faz espetáculos para crianças de até 3 anos | Divulgação
Grupo Papo Corpóreo, de Londrina, faz espetáculos para crianças de até 3 anos| Foto: Divulgação

Eles mal sabem falar. Alguns não fazem mais que balbuciar. Mas são as crianças de até 3 anos que formam a plateia do grupo de teatro Papo Corpóreo, um dos poucos trabalhos de arte para bebês no Brasil e o único no Paraná. Mais do que entreter os pequenos, o objetivo é inseri-los como espectadores e participantes da arte.

A ideia surgiu quando as professoras Andrea Pimenta, Carolina Matos e Gracieli Maccari perceberam que os espetáculos infantis são produzidos apenas para maiores de 4 anos. "Diziam que é porque os menores não entendem, não prestam atenção, não estão preparados para o teatro. Mas será que não é porque o espetáculo não era feito para eles?", questiona Gracieli.

Com essa pergunta nas mãos, elas começaram, em 2007, a buscar a resposta e a tentar entender como a criança bem pequena recebe essa experiência artística. Descobriram que na Europa há grupos que desenvolvem arte para crianças pequenas há mais de dez anos. "Em 2009, soubemos que um grupo espanhol se apresentaria em São Paulo e fomos assistir. Lá descobrimos que havia outros grupos no Brasil interessados no assunto como nós", conta Gracieli. Dois meses mais tarde, depois de dois anos de pesquisas, estreavam o espetáculo Berço de Espuma.

A peça narra, durante cerca de 35 minutos, a trajetória de um indivíduo que, assim como um bebê, vai se descobrindo e descobrindo o mundo, através do contato com o próprio corpo e com tudo o que o rodeia. Segundo Gracieli, o espetáculo não é inspirado em um texto ou uma historinha, como para crianças maiores. "A arte na primeira in­­fância é extremamente sensorial. Para os bebês, a estimulação é feita por meio de imagens, sons", explica Gracieli.

A experimentação começa antes de iniciar o espetáculo. Para chegar ao local do espetáculo, as crianças precisam passar por um caminho sensorial, que reúne artifícios como cores, texturas, sons. Ali, através dos sentidos, eles descobrem o prazer, o desprazer, as emoções e as sensações. "Ao chegar ao espaço de representação, o bebê já está adaptado ao ambiente. Até a luz é adequada para eles, nem muito escura, nem muito clara", acrescenta Carolina.

As reações são as mais variadas. Há aqueles que se assustam no começo, aqueles que ficam quietinhos no colo dos pais e aqueles que se sentem tão à vontade que entram em cena. Para elas, o teatro na tenra idade tem o poder de desenvolver a relação da criança com a linguagem artística e torná-lo apreciador da cultura.

Diversão

Além de surpreender as crianças, a experiência do teatro é novidade também para os adultos que acompanham. Pais, mães, irmãos, tios e avós participam de um momento completamente novo para o bebê e se divertem tanto quanto eles. "Tem famílias inteiras que vêm participar desse mo­­mento. Eles curtem a curtição do bebê", conta Carolina.

Para Gracieli, os bebês têm o poder de movimentar a família e, por isso, fazer teatro para bebês é um ato político. "O avô, que talvez nunca foi ao teatro, vai com o netinho, e isso pode despertar nele o desejo de frequentar mais os espaços culturais", afirma.

Reconhecimento

Depois de algumas temporadas em Londrina e apresentações no festival de teatro da cidade, o Papo Corpóreo foi convidado para participar, há um mês, da primeira mostra de arte para crianças realizada no Brasil. Depois de Berço de Espuma, um segundo espetáculo está sendo preparado pelo grupo, com estreia prevista para novembro.

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