Três irmãos se encontram no velório do pai depois de muitos anos, e a retomada dos laços afetivos os obriga a encarar o momento do passado que representa o grande conflito entre eles.
Pode parecer uma sinopse para um dramalhão, mas essa é apenas uma das leituras que poderão ser feitas de “Irmãos de Sangue”, espetáculo que faz apresentações no sábado e no domingo no Guairinha.
A dupla André Curti e Artur Luanda Ribeiro, que forma a companhia franco-carioca Dos à Deux, ganha reforço dos atores Raquel Iantas (que é de Rio Azul, no Paraná, e interpreta a mãe) e Daniel Leuback para essa peça calcada na dramaturgia visual. Quer dizer que não há sequer uma palavra sendo dita, mas muitos outros elementos comunicam em cena.
“A luz, as intenções, os gestos, cada detalhe e cada símbolo contam a história”, explicou à Gazeta do Povo o ator Artur Ribeiro. Para ele, a ausência de texto abre a percepção do espectador para outras camadas de compreensão.
ESPETÁCULO
Guairinha (R. XV de Novembro, 71 – Centro), (41) 3304-7982. Dia 23 às 21h e 24 às 20h. R$ 20 e R$ 10 (meia). Classificação indicativa: 14 anos. Veja no Guia.
Como cenário, poucos elementos, como uma mesa e uma grande gangorra, lembram o passado dessa família. Na trilha sonora, a música criada por Fernando Mota sublinha as entrelinhas evocadas sem palavras.
“Irmãos de Sangue” venceu o Prêmio Shell 2014 nas categorias melhor cenário e melhor ator (para Curti e Ribeiro) e foi indicado aos prêmios APTR, Cesgranrio e Cenym.
Visual
Ao longo de mais de 20 anos, esse tipo de teatro tem sido a pesquisa da dupla, que se divide entre Paris e o Rio de Janeiro. São eles que dirigem Luís Melo em “Ausência”, que esteve no ano passado no Teatro da Caixa no primeiro espetáculo sem palavras do ator paranaense.
“Não é que excluímos a palavra. Apenas não sentimos necessidade dela”, conta Ribeiro.
Essa linguagem será explorada em oficina gratuita que a dupla oferece nesta quinta-feira (21). “O Corpo Poético” será ministrada das 16h às 20h no Miniauditório do Guaíra.