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Espetáculo do Antropofocus se inspira numa fofoca que teria sido criada pelo ator Lima Duarte. | Divulgação
Espetáculo do Antropofocus se inspira numa fofoca que teria sido criada pelo ator Lima Duarte.| Foto: Divulgação

Quando comediantes contam uma história engraçada, ela tende a ficar ainda mais divertida que a realidade. E olha que a primeira transmissão de televisão do Brasil já rendeu episódios impagáveis.

“No dia seguinte – a quase-história da televisão brasileira” é a nova estreia do grupo Antropofocus, que ocupa a Cia. dos Palhaços a partir desta quinta-feira (18) e fica em cartaz até 13 de março.

“É a chance de falarmos de artistas heroicos que criaram o nosso universo televisivo”, explica o diretor Andrei Moscheto. “Eles precisavam se virar ao vivo, não tinham as vantagens da edição da câmera.”

Era o ano de 1950 e o visionário (louco?) Assis Chate-aubriand fundava a pioneira TV Tupi em São Paulo, que depois teria ramificações pelo Brasil.

Os primeiros encarregados de colocar “alguma coisa” no ar eram radialistas (certamente os mais “bem apessoados”).

É a chance de falarmos de artistas heroicos que criaram o nosso universo televisivo.

Andrei Moschetodiretor da peça “No dia seguinte”.

Diz a lenda que, depois de fazerem um show ao vivo com direito a hino, declamações de poesia e escolha da madrinha da tevê, os radialistas se viram sem nada para o dia seguinte.

É essa fofoca que inspira o espetáculo de 15 anos do Antropofocus – apesar do desmentido do então diretor Cassiano Gabus Mendes, que jogou a culpa na maledicência do ator Lima Duarte.

A peça não tenta recriar essa história, mas parte dela como inspiração – o canal que eles levam ao palco se chama “Anhanguá”.

“No dia seguinte”

A quase-história da televisão brasileira. Cia. dos Palhaços (Al. Princesa Izabel, 465 – São Francisco), (41) 3077-5009. De 18 de fevereiro a 13 de março. 5ª a sáb. às 20h30, e dom. às 19h. R$15 e R$7,50 (meia). Classificação indicativa: livre.

“Levaríamos pedradas de muitos historiadores se tentássemos ser precisos”, diz Moscheto, lembrando que não há registros gravados daquela época, já que a tevê era feita ao vivo (o videotape só chegaria em 1959 com a TV Continental).

A partir desses fatos e impressões, o grupo lança sua “artilharia suave” contra a televisão de hoje, brincando com linguagens da novela, do seriado e dos telejornais. Personalidades atuais como Sílvio Santos, Xuxa e Faustão surgem sem alusão aos nomes – mas nem precisa para serem prontamente identificados. Seria uma “homenagem satírica”, nas palavras de Andrei.

O cenário simula um estúdio, com torres de transmissão e tudo, e a peça traz música ao vivo (com Candiê Marques e Doriane Conceição), experiência já realizada na anterior “Histórias Extraordinéditas”.

O que há de diferente dessa vez, segundo o diretor Moscheto, é “o equilíbrio entre a criação de diálogos ensaiados e a possibilidade de improviso” que surge em meio ao espetáculo.

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