Os 45 alunos da Unirio chegaram num ônibus nesta quarta-feira e rumaram para uma chácara em Campo Magro.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

A grande movimentação de estudantes e jovens artistas pelo Centro de Curitiba nesses dias se explica pela invasão de grupos participantes do Festival de Teatro. Na mostra paralela Fringe, há mais espetáculos de fora do que locais: 167, ante 145 curitibanos. São mais de mil pessoas chegando, e eles ocupam o espaço que puderem: pensões, casa de amigos ou quartos de artistas solidários.

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As atrações do Fringe não passam por curadoria, ou seja, pode participar qualquer profissional das artes que se inscrever. Mas, enquanto alguns artistas locais preferem nem participar, alegando que os equipamentos cedidos pela organização são insuficientes e o tempo para montagem e saída dos teatros é impraticável, o pessoal de fora costuma vir em clima de festa e gratidão.

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Num ônibus do Rio de Janeiro, chegaram na manhã de quarta-feira (23) 45 estudantes do curso de Atuação Cênica da Unirio. Mesmo após um corte do apoio que receberiam da universidade – a princípio haveria verba para trazer três ônibus com 135 pessoas no total –, o grupo insistiu no projeto. Por meio da realização de eventos, eles levantaram R$ 7,4 mil em apenas duas semanas, o que pagou pela viagem. Para a hospedagem, conseguiram uma chácara em Campo Magro com uma professora da UFPR, pagando apenas R$ 700 por despesas gerais.

Foi preciso cortar 11 peças, mas outras 27 conseguiram vir e integram a mostra Festival Integrado de Teatro da Unirio (Fitu), com apresentações no Teuni e Praça Santos Andrade. Alguns visitantes participam ainda da mostra Cenas Autorais Independentes, no Novelas Curitibanas.

“A ideia era trazer o maior número de pessoas que não têm chance de se produzir sozinhas”, contou o organizador e aluno do 2º ano Jeferson Fagundes.

Uma delas foi Ana Karenina Riehl, que está no elenco de “Amor-te”, criada a partir das peças de Nelson Rodrigues, e “Acabarão por nos esquecer”, baseada numa história verídica da época da colonização, quando uma cidade inteira controlada por Portugal na costa africana foi transferida ao Brasil.

“O acesso que estou tendo a novas linguagens, eu provavelmente nunca teria sem essa viagem”, contou Ana à Gazeta do Povo.

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Divulgar o cordel

O grupo Arte sem Nome existe em São Paulo há 14 anos, mas só há dois anos conseguiu vir ao Festival de Curitiba.

Neste ano, eles retornam com “A megera domada em cordel”, trazendo o canto popular nordestino com o qual a maioria dos integrantes tem ligações familiares e afetivas.

As apresentações acontecem até sábado (26) no auditório dos Correios – espaço que eles consideram “aconchegante” e condizente com a encenação: são nove atores em cena manipulando bonecos, em meio a um cenário formado por capas de cordel medindo 3 metros de altura e 2 de largura, em que os desenhos contam um pouco da comédia shakespeareana.