Quando um diretor cria uma linha própria de trabalho, mesmo que adapte a obra de outro, acaba puxando a sardinha para sua arte. Aconteceu com a peça “Artista de Fuga”, que estreia nesta quinta-feira (26) numa simpática casa da Rua Treze de Maio.
Marcos Damaceno começou a lidar com um esboço escrito por Guto Gevaerd (da banda Gente Boa da Melhor Qualidade): o músico nutria há tempos uma “história na cabeça” e um prêmio da Funarte permitiu a execução do projeto.
Mas precisou que o texto fosse retrabalhado para que Damaceno imprimisse a ele sua estética, desenvolvida na última década: com pouca movimentação em cena, precisão e minimalismo, contenção dos atores e atenção extrema à sonoridade das palavras.
A junção desse estilo à peça de Gevaerd foi possível porque havia uma “proximidade temática” nos interesses dos dois artistas, de acordo com o diretor. “Essa peça lembra todas as outras que já montei”, brinca Damaceno, que conversou com a Gazeta do Povo.
Na narrativa, um escritor está em crise existencial e artística. Incapaz de lidar com a vida, prazos e relacionamentos, ele só percebe as coisas quando elas já passaram: as pessoas que ama já morreram, os prazos acabaram, numa perturbação da mente e do espírito.
O tema de “escritor em crise” deve soar familiar, já que serve de ponto de partida para várias histórias anteriores – com destaque para o roteiro do filme “Adaptação” (2002, com direção de Spike Jonze), que tem no elenco Nicholas Cage em conflito com a escrita e a própria personalidade.
Em “Artista de Fuga”, o destaque é justamente como otema foi trazido para a estética de inação de Damaceno – o que promete resultar numa obra um tanto angustiante.
É tamanha a neurose do escritor – que começa a peça com um desmaio em que ele conversa com suas assombrações: o editor, uma ex-mulher, Paulo Leminski e até o mágico Houdini. Dessa forma, todo o espetáculo se passa em sua mente, ou seja, seu inconsciente é o grande protagonista.
No palco vemos a grande Rosana Stavis, Eliane Campelli (vencedora do Gralha Azul por “Antes do Fim”) e Paulo Alves, mas sem personagens exatamente definidos. “Nós transitamos pela figura do escritor”, explica Rosana.
ESTREIA
Casa do Damaceno (R. Treze de Maio, 991 – São Francisco), (41) 3223-3809. 5ª a sáb. às 21h e dom. às 19h. Até 20/12. R$ 20 e R$ 10 (meia). Sujeito a lotação. Classificação indicativa: 14 anos.
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