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Iluminação e outros elementos visuais diminuem a aridez do texto. | Douglas Rene/Divulgação
Iluminação e outros elementos visuais diminuem a aridez do texto.| Foto: Douglas Rene/Divulgação

Existem muitas e muitas formas de levar um tema ao palco, e normalmente o resultado tem relação com a estética pessoal de um diretor ou grupo. Em “As Estrelas Cadentes do meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo”, que fica em cartaz no Teatro da Caixa até domingo, havia uma certeza: os relatos reais de guerra sob o ponto de vista de crianças não poderiam aparecer num formato realista.

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“São textos áridos que em si são pesados. Eles precisavam de uma ambientação onírica, poética, que os tornasse suportáveis”, contou à Gazeta do Povo o ator e dramaturgo Pedro Guilherme Nicolau de Andrade.

O grupo paulistano Provisório-Definitivo convidou o diretor Nelson Baskerville para imprimir seu estilo a essas histórias, entre as quais as mais conhecidas são o diário de Anne Frank, sobre a Segunda Guerra Mundial, e o de Zlata Filipovic, sobre o conflito na ex-Iugoslávia.

Se cenário e figurino mantêm um tom sombrio, ele é fantasioso o suficiente para transportar o espectador ao campo da teatralidade, pintando o documental com tintas artísticas. Um dos recursos utilizados foi a iluminação totalmente realizada de dentro da encenação, sem holofotes vindos de cima. Caixas luminosas que simulam abajures integram o cenário, e os próprios atores projetam fachos de luz com lanternas fixas ao corpo – um deles é um operador que permanece no palco.

Outro ponto foram bonecos confeccionados especialmente para o espetáculo, que se relacionam à maquiagem dos atores, também inspirada em brinquedos.

Tráfico

Essa sofisticação visual não retira a força da terrível realidade que serve de matéria-prima. O material em que a peça se inspira aborda cerca de 20 relatos de guerra. Quando o grupo procurou questões brasileiras para incluir, precisou questionar qual é a guerra nacional, e chegou ao drama dos adolescentes vitimados pelo tráfico. A história verdadeira do garoto Washington, documentada no filme “Jardim Ângela”, de Evaldo Mocarzel, trouxe para o roteiro o problema dos assassinatos, abusos e do vício nas periferias. “É incrível como ele passa por coisas que derrubariam qualquer um mas continua vivo, como que envolto numa couraça”, conta Andrade.

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