| Foto: Divulgação

Uma das primeiras produções com DNA brasileiro da nova safra de musicais, “DziCroquettes em Bandália” tem apresentações em Curitiba nesta sexta-feira (30) e sábado, no Teatro Positivo.

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O show traz novos atores revivendo o lendário Dzi Croquettes, grupo que apavorou a ditadura nos anos 1970 com travestimento e humor. Mas Ciro Barcelos, remanescente, vive ele próprio na peça que fala de uma equipe de artistas que decide trazer de volta a irreverência do Dzi, instigados após assistir ao documentário “DziCroquettes, o Filme” – que realmente existe, tendo sido lançado em 2009 por Tatiana Issae Raphael Alvarez.

 
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“O enredo é um pretexto para o show”, contou Barcelos à Gazeta do Povo. Ele celebra as produções nacionais que utilizam texto brasileiro e se afastam do modelo da Broadway. “Resgatamos a tropicalidade e a antropofagia do Dzi”, diz.

São 14 canções, incluindo 5 “da época”, como o “Dois pra Lá, Dois pra Cá”, bolero de Elis Regina. Um dos pontos altos será a celebração de estreia dos atores Filipe Ribeiro e Bruno Gissoni no show – a ironia é que, recentemente, eles interpretaram homofóbicos na novela “Babilônia”.

O musical tem batida eletrônica e se passa numa garagem que relembra o acampamento coletivo em que o grupo vivia e onde montava seus shows. Dos 13 integrantes, apenas seis ainda vivem.

O grupo provocou a ditadura, resistindo um certo tempo sem fazer soar as sirenes da censura, que se concentrava no teatro político da época, prendendo artistas. Mas quando foi percebido seu conteúdo sensual e provocativo, os artistas acabaram se exilando, de 1974 a 76, entre Portugal e França.

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O tiro saiu pela culatra, já que, em Paris, o desbunde pioneiro do Brasil fez fama e ganhou até a proteção de Liza Minelli. O fim do grupo ocorreu na decisão entre migrar para a Broadway ou voltar ao Brasil.

Influência de Curitiba

Entre as referências do Dzi Croquettes e do musical atual está o curitibano César Almeida, que também trabalha com a estética do travestimento e escreveu o texto “Ideias para o Teatro Contemporâneo”, além de ter publicado suas peças nos livros “Rainha de Duas Cabeças”. “Ele se tornou um dramaturgo de minha preferência. É vanguardista, ousado e irreverente”, celebra Barcelos.