Raramente se vê por aqui a encenação de uma das peças escritas por Tennessee Williams. O motivo não é o desinteresse, e sim os altos preços cobrados pelos direitos, detidos por uma universidade norte-americana.
É por isso que Rosa em Preto e Branco come pelas bordas, abordando a obra do dramaturgo pelo viés de seu relacionamento com a irmã Rose. Ela sofria de esquizofrenia, e consta que seus tormentos influenciaram a obra do autor, em personagens como Blanche duBois (de Um Bonde Chamado Desejo), Laura Wingfield (À Margem da Vida) e Catherine Holly (De Repente, no Último Verão).
O espetáculo tem direção de Maurício Vogue e dramaturgia de Rafael Camargo, após criação coletiva com o elenco formado por Inés Gutierrez, Laura Haddad, Luiz Carlos Pazello e Sidy Correa. A peça está em cartaz no Teatro Regina Vogue de sexta (1º) a domingo (3), às 20h, e a partir do dia 7 até 24 de maio no Teatro José Maria Santos.
A partir de cenas curtas, o espectador é tragado para os bastidores de trabalho de um grupo de atores, que explicitam a “esquizofrenia” de um processo teatral, conforme contou o elenco à Gazeta do Povo.
Uma das cenas mostra Williams conversando com um de seus personagens, Stanley, o cunhado de Blanche em Um Bonde Chamado Desejo, interpretado por Marlon Branco no filme de 1951. O próprio autor vestia um personagem para dar entrevistas, muitas delas disponíveis no YouTube e às quais comparecia com frequência embriagado.
Para apoiá-lo nas intrincadas questões psicológicas presentes na obra do autor cuja trajetória vai do Mississippi para a Broadway, o grupo contou com a consultoria de uma psiquiatra. Mas também foram pesquisadas as questões políticas presentes em seus textos, como a imigração.
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