Os 400 anos da morte de Shakespeare, que serão lembrados dia 23 de abril de 2016, motivam diversos projetos interessantes ao longo do ano.
O primeiro a passar por Curitiba será a mostra de cinema “Reinventando Shakespeare”, de 16 a 21 de fevereiro, com 16 adaptações de peças do autor – algumas bastante criativas, assinadas por nomes como Jean-Luc Godard, Roman Polanski e Peter Brook.
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Leia a matéria completaSurgem também novas montagens brasileiras para o teatro, incluindo “A Paixão Segundo William Shakespeare”, de Edson Bueno, em Curitiba, prevista para junho. Durante o Festival de Teatro (de 23 de março a 3 de abril), estão previstas apresentações de “Macbeth” e “Medida por medida”, ambas com Thiago Lacerda dirigido por Ron Daniels, e “Hamelt – Processo de revelação”, com o coletivo Irmãos Guimarães.
Mas não é imprescindível frequentar esses eventos para que as inovações do bardo estejam presentes em nossa vida. A leitura de suas peças pode não ser fácil, mas é recompensadora.
Na língua inglesa, Shakespeare teria contribuído com nada menos que 1.500 novas palavras, entre os 20 mil neologismos utilizados por ele. Sua capacidade de manipular a língua em prol de trocadilhos deliciosos usados tanto em comédias quanto em tragédias era quase ilimitada.
Livros
No aniversário de morte do bardo, dois livros importantes serão lançados na cidade: “As tragédias de Shakespeare”, organizado por Marlene Soares dos Santos e Leonardo Berenger e “Shakespeare sob múltiplos olhares”, organizado por Célia Arns de Miranda e Anna Stegh Camati (nova edição).
Em artigo sobre o tema, a pesquisadora Márcia Martins afirma que o autor “leva ao extremo o gosto elisabetano pelos jogos de palavras”, com “associações em diferentes níveis”. Alguns tradutores recriam essas brincadeiras, como é o caso das versões de Millôr Fernandes.
Comentários metalinguísticos de Shakespeare mostram ainda que o bardo já previa a futura teoria da recepção, pela qual o foco das análises literárias deve ser deslocado para do autor para o leitor. Um exemplo: Rosalina, sagaz personagem da comédia “Trabalhos de amor perdidos”, diz em dado momento que “sucesso de um gracejo está no ouvido de quem ouve, não na língua de quem o profere”.
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