Em sua nova fase, o diretor Paulo Biscaia Filho injeta menos sangue na cena, mas a violência e o investimento em grandes cenários se mantêm como elementos de “Nautilus”.
A peça estreia nesta quinta-feira (22) no Teatro José Maria Santos e fica em cartaz até 1.º de novembro.
Como o título indica, o espetáculo tem franco diálogo com as “20.000 Léguas Submarinas” de Júlio Verne, publicado em 1869.
Nautilus era o nome do submarino que o capitão Nemo comandava em sua contraditória missão de pacificar o mundo por meio de explosões marítimas.
A obra de Biscaia, que leva texto e direção suas, funciona como a continuação do romance de Verne. Estamos em 2015, numa expedição à Antártida. Se no clássico romance de Verne só havia homens, a montagem de Biscaia se baseia num triângulo.
A geóloga Selena Theo é uma daquelas mulheres apaixonadas pelo trabalho e pela Ciência.
Sua ida ao Sul gelado do mundo, patrocinada por uma grande companhia petrolífera, tem como objetivo procurar petróleo debaixo de uma geleira.
O que ela descobre é que, durante a Guerra Fria, o local foi uma base militar russa: e a Nautilus de Verne permanece congelada abaixo do gelo, tendo recuperada e utilizada nos anos 1950.
Peça
Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655 – Centro), (41) 3304-7982. Estreia dia 22 de outubro. Temporada 4ª, 5ª e 6ª às 20h; sáb. às 16h e 20h e dom. às 18h até 1º de novembro. R$30 e R$15 (meia-entrada). Classificação indicativa: 10 anos.
É dentro da embarcação que a peça acontece, com surpreendente cenário (Michelle Rodrigues e Diego Perin) que simula o corte longitudinal do submarino.
Lá, dentro, Selena, acompanhada pela filha do patrão, Janaína Kreuz, encontra Nemo congelado, por vontade própria, à espera de uma mudança climática que descongele a geleira e lhe permita sair navegando e destruindo tudo ao seu redor.
Passado o susto inicial do encontro, o trio chega a alguns acordos e acaba se tornando cúmplice na “atualização” da missão do capitão: alvejar plataformas de petróleo, minando assim a fonte das principais guerras do mundo, na visão dele.
Enquanto viajam o mundo como guerrilheiros/terroristas, debatem suas diferenças geracionais, especialmente a visão sobre as diferenças entre homem e mulher: Nemo tem muita dificuldade em entender Selena, que “assume afazeres masculinos” como cientista – e vai se encantando com ela.
Teatralidade
A encenação é fortemente influenciada pelo cinema dos anos 50, particularmente os filmes dirigidos por Roger Corman: o tom grandiloquente dos diálogos, a ficção científica criativa, os animais que se atracam às máquinas, além da música e até um bom tanto de romance.
Como sempre, o norteador da companhia Vigor Mortis é quanta diversão a produção poderá trazer – para quem faz e para quem assiste. Serpentes e peixes gigantes foram convocados.
Equilibrando-se sobre as traquitanas cênicas construídas pelo grupo e com um texto repleto de reviravoltas, os atores Ed Canedo (Nemo), Michelle Rodrigues (Selena, que sugeriu a abordagem do tema ao diretor) e Rúbia Romani (Janaína) parecem gostar do que fazem.
Outros personagens em cena são a voz de Angela Stadler como a própria Nautilus e Dan Bakken e Theo Spinef, que surgem em escafandros como tripulação/soldados.
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