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Um minuto de silêncio. A fim de exibir filmes que "reconhecidamente romperam as barreiras de espaço, tempo e fórmulas estéticas", a rede Telecine decretou a morte do Classic e, no lugar, criou o Telecine Cult. No ar desde o dia 1.º deste mês, o novo canal – descrito como "alternativo" – é mais abrangente e procurar atirar para todos os lados. Foram criadas várias faixas horárias que exibem filmes de gêneros específicos, como Drive-In (para diretores consagrados), Calçada da Fama (idem para atores e atrizes), Bang Bang (o nome diz tudo) e Cult Movie (que, no último sábado, exibiu The Rocky Horror Picture Show). A programação não se limita mais a filmes produzidos no passado remoto do cinema.

Essa nova alteração parece conseqüência das mudanças que promoveram, há mais de um ano, a extinção do Telecine Happy. O canal que passava só comédias, foi rebatizado de Pipoca e passou a exibir filmes dublados. O Emotion, antes exclusivo de dramas e "filmes de arte", teve de dividir espaço com as comédias. As produções alternativas que perderam espaço voltam à programação no recém-criado Telecine Cult. Está claro que, nessa equação, os clássicos saíram perdendo.

Tome-se como exemplo a grade horária de hoje. Tirando um Jules Dassin aqui (Aquele que Deve Morrer, às 5h50) e um Gary Cooper ali (Por Quem os Sinos Dobram, às 13 horas), o grosso da programação é de filmes mais recentes, de vários gêneros, unidos sob o rótulo bastante amplo de "cult". Isso não significa que os filmes exibidos não sejam bons. Ao contrário, duas das melhores estréias da rede Telecine neste mês (o palestino Intervenção Divina e o coreano Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera) acontecem no Cult.

Mas o canal, além de abrangente, tem um perfil parecido com o do Emotion. No fim, eles se confundem um bocado. Mistérios e Paixões, de David Cronenberg, é baseado no livro Almoço Nu, de William Burroughs, e é a síntese de um filme cult. Porém, aparece no Emotion (hoje, às 2h35). Dirigindo no Escuro, um dos trabalhos mais recentes de Woody Allen, lançado em 2002, não chega a ser alternativo, mas faz parte da programação do Cult (hoje, às 17h40).

Com características ainda pouco claras, o novo canal parece uma sessão de achados e perdidos. Para quem lamenta a morte do Telecine Classic como a de um amigo querido, o consolo é faixa horária batizada, justamente, de Cine Classic, que vai ao ar todas as quintas-feiras, às 20 horas. Neste mês, ela apresenta os manjados Como Era Verde o Meu Vale, A Felicidade Não Se Compra e Agonia e Êxtase. É muito pouco, tendo em vista o acervo de filmes da rede.

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