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O famoso tenor Roberto Alagna, que abandonou o palco do La Scala de Milão no meio de uma ópera depois de ter sido vaiado, disse na terça-feira que está disposto a processar o teatro se seu retorno ao espetáculo não for permitido.

O francês Alagna, considerado por alguns críticos o ``novo Pavarotti'', deixou o palco da celebrada produção da ópera ''Aída'', de Verdi, montada por Franco Zeffirelli, depois que um pequeno setor da platéia o vaiou no meio de uma ária.

O incidente, que especialistas dizem talvez ser inédito na história do La Scala, obrigou o substituto do tenor a subir no palco de calça jeans e camiseta, para prosseguir com o espetáculo. Os organizadores pediram desculpas ao público. Era a segunda apresentação dessa montagem da ópera.

Alagna afirmou ter comunicado ao La Scala que está disposto a retomar o espetáculo, mas que o teatro recusou seu retorno, devido a um rompimento no contrato.

``Eles me mandaram uma carta dizendo que o contrato está anulado e que eles não vão pagar minhas despesas'', disse Alagna à Reuters numa entrevista por telefone.

``Então procurei meu advogado hoje e vamos processá-los'', disse ele. ``Estou aqui há mais de um mês e trabalhei duro. Essa punição é excessiva''.

Representantes do La Scala não estavam imediatamente disponíveis para confirmar o conteúdo da carta.

Numa declaração divulgada na segunda-feira, o diretor-artístico do La Scala, Stephane Lissner, disse que o comportamento do tenor havia provocado ``um rompimento definitivo entre o artista e o público, que o La Scala não tem como consertar''.

Alagna defendeu sua decisão de abandonar o espetáculo e disse que também estava com falta de ar. ``Estão me tratando como um monstro, mas não cometi um crime, não fiz nada de errado'', disse ele.

``Fui lá para cantar, para dar prazer e alegria à platéia. O que esperavam que eu fizesse quando as pessoas começaram a vaiar? E se eles tivessem me jogado pedras ou se algum louco tivesse me atacado? O La Scala teria que ter me protegido, o espetáculo teria de ser suspenso.''

``Mas não, eles prosseguiram como se nada tivesse acontecido. No fim das contas, John Lennon acabou sendo assassinado'', afirmou.

Alagna disse sentir que o público ainda o quer no palco, e que o La Scala está errado em fechar as portas para ele.

``São eles que estão faltando ao respeito com o público, se não me deixarem voltar. Tenho mais cinco apresentações para fazer, e o público está me esperando'', disse o tenor, de 43 anos.

Alagna já tinha reclamado sobre o excesso de exigência do público do La Scala, que paga até 2.000 euros por um ingresso. Depois da estréia da ``Aída'', na quinta-feira, o tenor comparou o La Scala a uma arena de touradas.

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