Forte, intenso. Vicente Amorim conta como foi colocar na tela a vida de Irmã Dulce.
Seu filme faz um recorte bem amplo, da infância até os anos 1980. Como foi isso?
Iafa Britz [produtora] me convidou para dirigir há três anos, mas não pude aceitar, por um problema de agenda. O filme atrasou, ela voltou há um ano com o convite e aí deu certo. Já tinha lido as duas biografias, pesquisado. Eu me embasei bastante, mas vale a advertência que Richard Attenborough colocou em Gandhi. Nenhum relato pode dar conta de uma vida inteira. O que tentamos fazer foi achar o caminho para o coração de Irmã Dulce.
Existem duas cenas em que, menina e adulta, ela arranha paredes. Não deve ser coincidência. Vêm de Hiroshima, Meu Amor. Por quê?
Não, não é coincidência. E Hiroshima... é meu filme preferido de todos os tempos. Trabalha com a memória, a lembrança. Tudo isso está em Irmã Dulce.
Há uma perturbação quase erótica quando ela toca a barba do acordeonista. Por quê?
É erótico, mas não sensual. Irmã Dulce tocava muito as pessoas. Quis guardar isso.
Por que resolveu contar tantas histórias reais em sua carreira de cineasta?
É o que me move. Histórias de gente. E, sempre, tentativas de organizar o caos.
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