A passagem do teólogo Leonardo Boff, nesta quinta-feira, pelo Fórum Global da Sociedade Civil, evento paralelo da COP8, foi marcada por aplausos insistentes e casa cheia. A tenda de 200 lugares ficou lotada e nem o calor, que ali tem padrão de qualidade senegalês, atrapalhou a performance do ex-frei, conhecido fora dos círculos eclesiásticos por seus conflitos com a doutrina da Igreja Católica nos anos 80, em especial com o cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.
Vestindo camiseta contra a semente terminator e apoiando-se numa bengala, Boff tomou a palavra depois da contundente ambientalista Louise Vandelac, da Universidade de Québec, uma expert do ramo. A fala do teólogo empolgou a platéia formada por membros da Via Campesina, pesquisadores e curiosos. Ônibus com escolares não paravam de chegar, aumentando o tumulto. Acostumado a falar a fiéis, acadêmicos, em passeatas e em redes de tevê, em cerca de 30 minutos fez uma suma ecológica digna de ser publicada na íntegra, tamanha sua inspiração.
Um dos encantos do discurso foi a conjugação de palavras de ordem, retomada de valores que as mães ensinam há séculos e uma profusão de dados estarrecedores. "A Terra ultrapassou em 20% sua capacidade de regeneração. O homem ocupa 83% do planeta. Devastando-o. Se as práticas não mudarem, em 2030 a Terra não será mais sustentável. Precisamos de um novo paradigma civilizatório. Precisamos nos sentir em casa de novo", proclamou. Ao lado do tom profético, Leonardo Boff surpreendeu ao tratar de afetividade, cuidado, cooperação, responsabilidade e respeito, entre outras virtudes e valores que lhe serviram de deixa. Falou do homem para falar do mundo. Valeu o dia.
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