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Em um momento em que a maior parte do circuito exibidor brasileiro está tomado por superproduções hollywoodianas, como Batman Begins e Guerra dos Mundos, deve haver gente sedenta por entretenimento mais adulto e cerebral. Uma das melhores opções em cartaz nos cinemas curitibanos para essa fatia do público é o ótimo longa-metragem italiano Bom Dia, Noite, de Marco Bellocchio (de O Diabo no Corpo).

O filme é narrado da perspectiva de uma militante do grupo terrorista Brigadas Vermelhas, que participa do seqüestro do líder da Democracia Cristã italiana, Aldo Moro – ação que resultou na morte do estadista, em 1978. Chiara, vivida pela bela Maya Sansa, estrela em ascensão no cinema italiano, enfrenta o dilema que coloca em choque suas convicções políticas, que justificam a violência de um seqüestro, e valores humanistas latentes, que afloram e colocam em questão a ação da Brigadas. Esse embate, que permeia toda a narrativa do longa, não se limita à personagem. É construído por Bellocchio a partir de pequenas referências a um certo existencialismo dos anos 70 (fotografia marcada pelo contraste claro/escuro, Pink Floyd na trilha sonora, etc.).

Ainda assim, Chiara é mesmo o centro nevrálgico de Bom Dia, Noite. Movida (ou imobilizada) pelo medo da morte (dela e de seu prisioneiro), ela é silenciosa e profundamente expressiva. A personagem, com certeza, revela uma face mais humana do terrorismo, mas sem chegar a justificá-lo ou mesmo romantizá-lo. Nos dias atuais, essa opção seria um ato de irresponsabilidade de Bellocchio. Mas o diretor, mesmo de forma sutil, faz questão de afirmar que os fins jamais justificam os meios quando vidas ou a dignidade humana estão em jogo. GGGG

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