Trajetória do sambista
Filho do violonista e chorão César Faria, do conjunto Época de Ouro, Paulinho cresceu no Rio de Janeiro ouvindo em casa músicos como Pixinguinha e Jacob do Bandolim, e logo aprendeu a tocar violão e cavaquinho.
Passou a freqüentar blocos carnavalescos e, em 1962, compôs seu primeiro samba, "Pode Ser Ilusão". No ano seguinte conheceu os sambistas da Portela, e com seu samba "Recado", em parceria com Casquinha, passou a ser integrante da ala de compositores da escola. Em seguida conviveu com Cartola, Zé Kéti e sambistas da Mangueira, tornando-se freqüentador do lendário bar Zicartola nos anos 60.
Participou de festivais e em 1968 lançou o primeiro disco-solo, Paulinho da Viola. No ano seguinte seu clássico "Sinal Fechado", harmonicamente elaborado e claramente político, venceu o 5.º Festival da MPB, mostrando outro lado de seu talento como compositor.
Alguns de seus maiores sucessos foram sambas em homenagem às escolas: "Sei Lá, Mangueira" e "Foi um Rio que Passou em Minha Vida", sucesso da Portela, sua escola de coração, no carnaval de 1970. Além desses, Paulinho é o autor de muitos clássicos, como "Dança da Solidão", "Choro Negro", "Jurar com Lágrimas", "Guardei Minha Viola", "Argumento", "Amor à Natureza", "Perdoa", "Coisas do Mundo, Minha Nega", "Sentimento Perdido", "Coração Leviano", "Sarau para Radamés", "Pode Guardar as Panelas", "Onde a Dor não Tem Razão" (com Elton Medeiros), "Rumo dos Ventos", "Prisma Luminoso", "Eu Canto Samba".
Fonte: Click Music
Se, no último dia 10 de outubro, o samba carioca passou a fazer parte do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, Paulinho da Viola também merece ser tombado. É um tesouro nacional. Alguém discorda?
Portelense de corpo e alma, o cantor e compositor carioca, hoje com quase 65 anos, é um dos criadores mais requintados desse gênero musical intrinsicamente ligado à identidade nacional. Por isso mesmo é divertido pensar nele como um "produto" sob o rótulo já um tanto batido como o da série Acústico MTV.
Será que Paulinho está em fim de carreira ou precisa, a essa altura, se conectar com as novas gerações para continar sendo de alguma forma relevante comercialmente? Talvez. Essa é, afinal de contas, a lógica cruel e perniciosa do mercado fonográfico brasileiro. Vale, contudo, acreditar que quem saiu ganhando nessa empretada foi a emissora musical paulista, que pode aliar à sua marca, já um tanto desgastada, um artista de inegável qualidade.
Em Paulinho da Viola Meu Tempo É Hoje, documentário de Izabel Jaguaribe de 2003, o que se via na tela, além da música, era a intimidade de um mestre um tanto tímido, meio avesso a badalações midiáticas. O filme apresenta a família do artista e revela suas habilidades "secretas" como marceneiro e jogador de sinuca. No DVD Acústico MTV, lançado semana passada pela Sony BMG (também em CD), os fãs do músico podem enxergar outros aspectos do sambista.
O especial inclui novos depoimentos que revelam o método de trabalho do compositor, que também fala seus ídolos e conta como foi o começo da carreira. No repertório, os sambas mais populares de Paulinho, registrados em julho, num show em São Paulo. A lista é sublime, ainda que previsível: "Timoneiro", "Coração Leviano", "Onde a Dor não Tem Razão", "Para um Amor no Recife", "Pecado Capital", "Dança da Solidão", "Foi um Rio Que Passou em Minha Vida" e "14 anos... ". Uma covardia, enfim. Haja coração! Até porque Paulinho, sempre muito elegante, está cantando uma enormidade.
Entre tantas canções boas e conhecidas do grande público vale destaque uma música nova: "Talismã", que não é assinada apenas pelo sambista. Tem letra dos "tribalistas" Marisa Monte, sua amiga (e também portelense), e de Arnaldo Antunes. Paulinho entregou a melodia à dupla e se surpreendeu quando, em pouco tempo, soube que a letra estava pronta. "Achei que levaria anos", conta o compositor no making of do DVD, que nos dá a rara oportunidade de entrever a pessoa Paulinho.
Para justificar a desconfiança da rapidez de Marisa e Arnaldo para compor, o sambista, sempre modesto, admite que não considera a criação uma atividade fácil, natural e muito menos prazerosa. "Tenho muita dificuldade. Para se ter uma idéia, para fazer um simples bilhete, está arriscado eu não fazer. Eu começo a mexer naquilo e não sei mais o que vou dizer", revela, fazendo graça.
No show que dispensou maiores adaptações de instrumentos, uma vez que o samba já é quase todo acústico mesmo , Paulinho conta com um time de primeira, com o qual se apresenta há décadas. Para incrementar a receita, acrescentou um bem-vindo reforço de cordas. Também participa o filho do sambista, o violonista João Rabello, que entrou no lugar do avô, César Faria, do lendário conjunto de choro Época de Ouro, que não toca mais por causa da idade. A filha de Paulinho, Beatriz, integra o coro. A regência, os arranjos e o piano são do compadre Cristóvão Bastos, também compositor . GGGG1/2
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