Para muitos, ela é a voz aguda dos anos 1980 que ganhou festival com a canção "Escrito nas Estrelas". Para quem a acompanha de perto, é a artista que lançou quase 20 álbuns, com música sofisticada, às vezes beirando o experimental, e letras que falam de vida interiorana, mato, rios e bichos. Esses dois públicos podem se interessar pelo CD duplo que Tetê Espíndola, 60, acaba de lançar e leva seu nome. Ele traz na mesma embalagem dois discos, "Pássaros na Garganta", de 1982, e o inédito "Asas do Etéreo". "Eu fui conversar com o selo do Sesc para discutir o lançamento do CD de "Pássaros', que só existia em vinil", conta Tetê. "E aí falei que tinha um novo disco pronto. A ideia de juntar os dois surgiu ali." "Pássaros na Garganta" misturou gravações de estúdio e sons da natureza, com ajuda de Arrigo Barnabé nessa ousadia musical. O álbum antigo e o novo partem de uma mesma base, a voz de Tetê e sua craviola, instrumento que ela apresentou ao grande público. Mais uma vez ela buscou apoio em parceiros que agregassem a cada faixa uma colaboração. Vieram, entre outros, os violões do Duofel, o piano de Egberto Gismonti, o trombone de Bocato, o baixo de Paulo Lepetit (um dos maiores responsáveis pelo projeto, diz Tetê), a escaleta de Hermeto Pascoal e o violoncelo de Jaques Morelenbaum. "Escolher o que gravar foi um mergulho no baú da compositora tenho ainda umas 80 inéditas", conta Tetê. A mais antiga a entrar foi "Beijo nÁgua", de 1982, que gravou com o vibrafone de Felix Wagner. Não por acaso, ele tocou em muitas faixas e fez arranjos em "Pássaros na Garganta". A música mais recente é "Menina", de 2012. Tetê deixou dois convidados cantarem. Um é o filho, Dani Black, que também toca guitarra em "Trigo do Amor". O outro é Arrigo Barnabé, responsável pelo alinhamento da mato-grossense com a chamada Vanguarda Paulista nos anos 1980. Ele canta aos urros em "Diga Não". Shows diferentes Tetê apresenta as músicas do CD duplo em dois shows em São Paulo, nesta quarta-feira e na quinta, no Sesc Vila Mariana.
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