The Americans brinca com a Guerra Fria

O grande sucesso de Homeland, série que retrata os bastidores da guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo pós-11 de Setembro, a partir da perspectiva de uma atormentada agente de CIA, vivida pela atriz Claire Danes, transformou o assunto espionagem em tendência. Era inevitável, portanto, que surgissem novas produções sobre a mesma temática. Há que se festejar, portanto, a originalidade da premissa do seriado The Americans, exibido pelo canal pago FX, cuja primeira temporada acaba de sair no Brasil em DVD.

Criada por Joe Weisberg, roteirista das séries Damages e Falling Skies, The Americans acompanha a vida de dois espiões da KGB, principal organização de serviços secretos da União Soviética, que se fazem passar por um casal norte-americano vivendo em Washington, capital do país.

No início da presidência de Ronald Reagan, em 1980, Phillip (Matthew Rhys, de Brothers & Sisters) e Elizabeth Jennings (Keri Russell, de Felicity) formam uma família suburbana arquetípica, com dois filhos pré-adolescentes inteligentes e sociáveis que não têm a menor ideia da verdadeira identidade dos pais. Como disfarce, o casal finge ganhar a vida tocando uma agência de turismo.

Unidos pelo governo soviético, que os treinou, nos mínimos detalhes, para se parecerem e soarem como verdadeiros cidadãos dos EUA, das vestimentas ao sotaque, eles vivem uma relação de fachada, sem pacto de fidelidade. Os filhos, apesar disso, foram concebidos como parte da grande missão que conduzem desde o fim dos anos 1960: controlar a rede de informações entre os vários espiões que operam no país.

Quando Stan Beeman (Noah Emmerich, de Super 8), um agente do FBI cuja missão é justamente investigar a ação de agentes soviéticos no território dos EUA, se torna vizinho de porta dos Jennings, o cotidiano do casal fica muito mais tenso – a aparente normalidade deles deixa o policial intrigado. O cerco em torno deles pode estar se fechando. Paralelamente a tudo isso, Phillip e Elizabeth se dão conta de que começam a se apaixonar.

Além da boa trama, que retrata a Guerra Fria de um ponto de vista bastante inusitado e pouco visto em produções de Hollywood, The Americans tem o charme retrô da época em que se passa, que se estende dos figurinos aos aparatos tecnológicos, passando pelos automóveis e pela ótima trilha sonora. GGG1/2