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Como você reagiria ao perceber, enquanto anda pela rua, que há um tigre projetado em sua camiseta? E qual seria sua reação ao ser perseguido por monstros holográficos que atacam sua sombra? Essas projeções interativas, chamadas de grafite eletrônico, fazem parte do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, o FILE 2007, maior festival de arte e tecnologia do Brasil que começa nesta terça-feira (14) em São Paulo, no Sesi. Nas experiências realizadas na cidade com essas obras foi interessante notar que pouca gente é capaz de perceber interferências que fogem de sua rotina.A imagem do felino vem de um carro em movimento e se move, correndo quando o carro acelera ou parando quando veículo estaciona. "Wild life" - a imagem do tigre - é uma criação da norte-americana Karolina Sobecka, e "We only come out at night" - os monstros que comem sombras - são do chinês Jiacong Yan.

- Testamos a obra "Wild life" esta semana em São Paulo. Normalmente, a pessoa não percebe que há um tigre se mexendo em sua camiseta, enquanto quem está ao redor grita e acaba avisando ao 'alvo' - conta Paula Perissinoto, uma das fundadoras e organizadora do Festival.

O festival traz ainda ao Brasil a obra "Reactable", dos artistas Martin Kaltenbrunner, Sergi Jordà, Günter Geiger e Marcos Alonso. "Reactable" é uma escultura sonora, com uma mesa com vários objetos que, ao serem manipulados pelo público, emitem sons e imagens. Várias pessoas compartilham simultaneamente o controle do instrumento movendo e girando objetos. A inteligência da programação e a complexidade da interação fazem com que este trabalho seja um dos destaques da primeira semana do festival.- Trata-se de um instrumento musical com uma interface virtual. O público interage com a obra compondo músicas e imagens - explica Paula.

A mostra é composta de três braços principais, explica Paula Perissinoto.

- Há uma série de instalações, outra de performances e outra de palestras, com a participação de cerca de 90% dos artistas que fazem parte do festival - explica a organizadora.

Participam desta edição do FILE cerca de 200 artistas - entre grupos, coletivos e trabalhos individuais - de mais de 30 nacionalidades, com trabalhos nas áreas de net art, web art, animação interativa, hipertexto, web filme interativo, cinema interativo, games, software art, generative art, inteligência artificial, robótica, música eletrônica, performance, instalações interativas e instalações eletrônicas.

Em "Alter ego", da britânica Alexa Wright, o rosto do espectador é captado pela instalação e transformado em uma mascara virtual. Conforme o público faz caretas, essa espécie de 'avatar' também reage como um espelho aos movimentos.

Ao digitar uma ou mais palavras que definem um sonho, a instalação "Dreamlines", do argentino Leonardo Soares, busca imagens relacionadas e gera uma pintura onírica, que muda constantemente, em um processo analógico à memória e à livre associação de idéias da mente humana.

Ver e ouvir o movimento de partículas de pó é possível na instalação do venezuelano Ernesto Kiar, "Convergenze parallele". Um feixe de luz localiza as partículas, que se movem de acordo com o movimento do ar no espaço expositivo.Homem interage com a instalação 'Alter ego'. Foto: divulgação

Entre as performances, que compõem a mostra Hipersônica, destaca-se a apresentação do artista espanhol Txuspo Poyo, "Delay Glass", que mostrará pela primeira vez no Brasil a obra musical "Erratum musical", de Marcel Duchamp, com apresentação ao vivo do pianista brasileiro Antonio Vaz Lemes.

- Nesses oito anos de FILE observamos uma grande evolução internacional e nacional da arte-tecnologia. Há um grande esforço de criadores brasileiros em acompanhar o que acontece no exterior. No entanto, ainda há uma defasagem, causada pela formação. Não há no Brasil cursos específicos - avalia Paula.

Ela celebra uma conquista que pode ajudar aos interessados em produzir linguagem eletrônica: a criação do FILE LABO, no Sesi da Vila Leopoldina, um laboratório que tem como proposta estimular o desenvolvimento de produções estéticas que fazem uso das linguagens eletrônicas. A partir de 2007, o FILE deixa de ser um evento expositivo e passa também a ser produtor da cultura digital.

Confira a programação completa no site www.file.org.br

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