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Amy Adams venceu o Globo de Ouro no papel de Margaret Keane | Divulgação
Amy Adams venceu o Globo de Ouro no papel de Margaret Keane| Foto: Divulgação

A história e a estética de Grandes Olhos, novo filme de Tim Burton, uma das estreias da semana nos cinemas, se parece pouco com filmes fantasiosos e gigantescos criados nos últimos anos pelo diretor norte-americano, como Noiva Cadáver (2005) e Alice no País das Maravilhas (2010). Porém, a essência do criador de Edward Mãos de Tesoura (clássicos dos anos 1990), que mistura o divertido e o sombrio, continua na produção que se baseou na história real da pintora Margaret Keane, interpretada pela atriz Amy Adams, vencedora do Globo de Ouro pelo papel.

Uma das artistas mais rentáveis comercialmente da década de 1950, ela realizou feitos impensáveis para as mulheres daquela década: primeiramente, era artista. Depois, fugiu de uma vida sufocante para tentar a vida em São Francisco. Lá, conheceu o envolvente pintor Walter Keane (o impecável Christoph Waltz). Decidem, então, começar uma vida juntos.

Rapidamente, é possível perceber que a união dessas "forças" dará certo: ela tem o talento. Ele, a lábia e o tino comercial. Porém, quando Keane sai para apresentar suas obras, as crianças perturbadoras, de olhos gigantes e desproporcionais, começam a chamar a atenção. As obras são de Margaret mas, por um bom tempo, até um julgamento nos anos 1990 que deu ganho de causa à pintora, eram como se fosse de autoria de Keane.

Isso ocorreu porque os dois entraram em um "acordo": ele vendia muito bem. Ela ficava em casa pintando. Havia uma resistência em Margaret em aceitar a condição de dar os créditos ao marido. Como artista, gostaria que as pessoas a conhecessem, soubessem o que ela, enfim, quer dizer com sua obra.

Grandes Olhos não é somente uma cinebiografia sobre a história fascinante da artista: discute, por meio da vida da pintora, temas bastante contemporâneos, como o feminismo e a legitimação da arte pelo mercado. O comportamento de Margaret, de se separar do primeiro e do segundo marido, também não era nada comum.

Margaret se incomodava com a reprodução em massa de suas obras e o tratamento comercial dado a elas pelo marido, q qualquer custo . Sobre as críticas, as achava "cruéis." O que ela quis, sempre, foi tocar as pessoas com seu trabalho. É o que deve acontecer com Grandes Olhos: mesmo escanteado do Oscar, deve agradar tanto aos fãs e aos não fãs de Tim Burton.

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