Seu nome é tiririca, mas pode chamar de rainha, é, rainha das ervas daninhas. É tão proliferante quanto insistente; a gente arranca, ela volta, com sua rede subterrânea de raízes e sua resistência a secas.

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Depois de muitas aplicações de herbicidas (vangloriosamente específicos para tiririca), ela continuou retornando logo e sempre, criando colônias na terra descoberta do pomar e da horta, enquanto ia minguando nas áreas gramadas. Assim fomos vendo a tiririca ralear nos gramados e se alastrar no jardim.

Viajar é também rever a própria casa com outros olhos, e, voltando de viagem, Dalva ficou olhando tristemente suas rosas-do-deserto cercadas de tiriricas, que vieram da grama para a terra descoberta e adubada do jardim. Então resolvi lhe dar de presente um Tiriricatei.

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Catar é costume japonês, que vimos aqui na Copa do Mundo, quando a torcida japonesa catou todo lixo das arquibancadas, como catam todo lixo no Japão. Honram assim nosso ancestral estágio de coletadores de frutas, quando ainda não tínhamos armas nem ferramentas. Já vivemos de catar frutas e sementes e arrancar raízes da terra, como agora estamos condenados a catar lixo para merecer viver na Terra.

Então, enquanto Dalva estava na cidade, tiriricatei, enfiando na terra o firmino, arrancando torrões com o enxadão, catando uma a uma cada tiriri (tiririca é o plural de tiriri), até sua raiz em forma de lágrima. Catei uma peneira bem cheia. Botei no queimador de galhos e folhagem, virarão cinzas no próximo fogo.

(Sim, queimamos palmas secas de palmeiras e coqueiros, galhos caídos, restos de podas. Não temos como esperar isso apodrecer, prezado ambientalista, levaria anos e, enquanto isso, esse entulho dominaria a chácara – a menos, claro, que a gente botasse aqui um triturador de galhos movido a diesel ou eletricidade, de um jeito ou de outro castigando o planeta...)

Quando Dalva chegou e viu seu jardim limpinho, me deu dois presentes em retribuição ao meu, um sorriso e um beijo. Mas preveni que as tiriricas voltarão, pois, quando eu arrancava uma lagriminha, sentia que seu liame se rompia, deixando na terra sua continuação, pronta para se vingar da morte da mãe.

Não importa, disse Dalva, o que importa é o que você fez hoje, e me deu mais um beijo.

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Tiriricas, tarados, ladrões, corruptos, assaltantes, estupradores, fanáticos terroristas sempre existirão e sempre voltarão. Mas continuaremos a sorrir e a amar, acreditando em cuidar em vez de condenar.

Pode voltar, tiririca, apenas fará com que eu ganhe mais sorrisos e beijos.