| Foto: Amaro do Amaral/Reprodução

A partir de quando o romance histórico “ressurge”?

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O romance histórico, desde seu aparecimento, durante o romantismo, nunca desapareceu de todo. Passou por períodos de menor expressividade, por épocas em que a produção esteve sobretudo no nicho da literatura de entretenimento, mas nas últimas décadas do século passado constitui-se em linha muito vigorosa. As generalizações são sempre perigosas, prefiro não falar que esse movimento se dá na “produção internacional”. Podemos constatar essa presença na ficção latino-americana, certamente não por acaso nas linhas de resistência às ditaduras que assolaram o continente na segunda metade do século 20. O número de títulos na produção brasileira se multiplica nas duas últimas décadas do século.

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Qual a melhor definição para um romance histórico hoje?

Entendo como romance histórico aquele em que, situando-se a ação no passado histórico, a trajetória das personagens, sejam elas calcadas em personagens conhecidas como históricas ou não, é profundamente influenciada, se não definida mesmo, pela história do período.

O romance histórico passou por períodos de menor expressividade em que a produção esteve sobretudo no nicho da literatura de entretenimento, mas nas últimas décadas constitui-se em linha muito vigorosa.

Marilene Weinhardt, pesquisadora de literatura.

Acredita que houve uma proliferação desses escritos desde o sucesso de livros de História romanceada como os de Laurentino Gomes?

A intensificação da produção de ficção histórica precede o primeiro título de Laurentino Gomes. Não vejo uma relação de causa e efeito, mas certamente tanto um tipo de obra como outro inscreve-se no mesmo cenário, o interesse pela história e a abertura do leque das possibilidades de se ver a história.

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Quais considera os melhores exemplos de ficção histórica hoje?

Na cena latino-americana, além dos nomes já consagrados dos anos 70 e 80, registram-se agora outros nomes, entre os quais várias escritoras. Faço o comentário porque, até há alguns anos, era rara a autoria feminina nesse subgênero. No cenário europeu, o que me chamou a atenção, nos últimos anos, foi a ficcionalização da Segunda Guerra. Na produção brasileira, a lista é grande e variada. Há ficcionistas que, em produção vasta, têm um ou dois títulos históricos, há outros que se dedicam ao romance histórico preferencialmente, há os autores de um ou dois títulos. Nada disso é determinante da qualidade. Luiz Antonio de Assis Brasil, Rui Tapioca, Tabajara Ruas, Ana Miranda, Silviano Santiago, Sinval Medina, Maria José Silveira, Carlos Nascimento Silva, Beatriz Bracher, Bernardo Carvalho, Milton Hatoum, Francisco J.C. Dantas são nomes, entre outros, que têm mais de título que pode ser lido como ficção histórica. Acompanho seus lançamentos com atenção.