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Menino da Silva, de Lenine Guarani
Outra estreia lançada pela Kuarup é o disco Menino da Silva, debute do cantor e compositor Lenine Guarani. Filho mais novo do cantor Taiguara (1945-1996), o jovem músico, já experiente da noite paulistana, gravou composições de Edu Lobo, Chico Buarque, Toquinho e Vinicius de Moraes e Dori Caymmi, além de "O Olhar", de seu pai, e de suas próprias obras.
Reedições
Títulos da Kuarup
Vários. Kuarup/ Sony Music. Preço médio: R$ 27,90 (cada). MPB/Erudita.
Foi a "queda vertiginosa" da venda de discos a razão apontada pela Kuarup, respeitada gravadora independente carioca criada em 1977, para o fechamento de suas portas em 2009. Três anos depois, é justamente a tímida recuperação do mercado físico de CDs o que pode estar dando fôlego ao bem-sucedido relançamento do catálogo da companhia, reestruturada em 2010, cuja segunda leva de títulos acaba de voltar às lojas em parceria com a Sony Music.
Oito de seus discos mais representativos e de maior sucesso de vendas desde os lançamentos originais foram escolhidos entre os mais de 200 álbuns do acervo da gravadora, caracterizado pela valorização de artistas brasileiros de música brasileira popular e erudita.
Títulos
Dois dos selecionados são da série Cantoria 1(1984) e 2(1985), que traz os registros dos cantores Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai.
Pena Branca (1939- 2010) também tem dois CDs relançados o premiado Semente Caipira (2000), primeiro trabalho após a morte do irmão Xavantinho, em 1999, e Pena Branca Canta Xavantinho (2002), uma homenagem com as canções mais famosas da dupla dedicada ao companheiro.
O Novo Amanhece (2000), de Renato Teixeira e Zé Geraldo, completam a porção caipira do lote.
Heitor Villa-Lobos (18871959) um dos destaques do catálogo da Kuarup, que possui em torno de 20 discos com suas composições tem relançada a gravação de sua Obra Completa para Violão Solo (2001), em registro de Sérgio e Odair Assad, realizado em 1978.
O maestro Radamés Gnattali (1906-1988) também está presente em dois CDs: Retratos (1990), que traz a suíte composta pelo compositor gaúcho em memória de Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth e Pixinguinha; e em Doutores em Samba, que traz seus arranjos para as canções do cantor e compositor Billy Blanco (morto no ano passado).
De acordo com o diretor artístico da Kuarup, Rodolfo Zanke, o segundo lote de relançamentos vem na carona de bons resultados da primeira leva, lançada no ano passado. "A repercussão foi muito boa, e as vendas foram acima das expectativas para discos que haviam sido lançados há anos", diz Zanke, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "Ficou clara uma demanda por CDs físicos. As pessoas ainda procuram discos de qualidade, que elas querem manter."
Alice Caymmi é uma das apostas da gravadora
Seguindo um conceito estético que historicamente privilegiou artistas que trafegam nas vertentes mais tradicionais da música brasileira, a Kuarup também pretende apostar em novos artistas.
Uma destas apostas é o trabalho homônimo de estreia de Alice Caymmi, lançado junto com as reedições do catálogo. Neta de Dorival, Alice gravou dez faixas, sendo oito de sua própria lavra (incluindo duas parcerias com Paulo Cesar Pinheiro). "Unravel", de Björk, surge em versão singela e transformada pelo marcante timbre grave da voz de Alice, e "Sargaço Mar", do avô Dorival, ganha um arranjo moderno, baseado em efeitos eletrônicos.
Os contrastes são parte da concepção inicial criada por Alice conforme a jovem cantora conta por telefone, uma relação com o ruído em suas músicas e nas canções tradicionais. "Percebi que precisava da supervisão de alguém com mais experiência, chamei o Flávio Mendes [produtor] e vi que tinha um produto nas mãos", conta Alice, que, até então, havia feito poucos shows com seu repertório autoral e algumas participações em apresentações de seus parentes.
Influência
Alice cita nomes contemporâneos como o de Arto Lindsay, Björk, Marina AbramoviÄ e Matthew Barney ao falar sobre as estéticas que mais a influenciaram, mas não hesita em falar sobre a tradição da MPB a que está literalmente filiada. "Essa conexão é física, fisiológica, além da minha escolha. E se pudesse escolher, não escolheria ir contra", diz Alice, que se diz fortemente influenciada pelo violão de Danilo e Dori, seu pai e seu tio, respectivamente. "Mas tem uma coisa diferente: sou uma mulher da família Caymmi que toca violão e compõe minha tia [Nana] não compõe. Então não estou completamente acoplada a ela nesse sentido. Estou, realmente, pegando, de todos os lados, todas influências que posso ter."
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