“Toda bêbada canta”

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Sílvia Machete não tem um biotipo de chamar a atenção, mas é impossível que ela passe despercebida. Vestidos de cabaré, pomba branca nos cabelos, bambolê na cintura, ela sabe atrair olhares como a experiente artista de rua que é, pronta a sobressair na multidão. Sua itinerância pelo mundo começou com uma viagem a Paris para aprender francês. Preferiu entrar para a escola de circo e fez das calçadas seu picadeiro. Foi convidada para festivais e fez as malas rumo aos Estados Unidos.

A volta dessa carioca ao Brasil foi motivada pela vontade de cantar. Gravou um primeiro disco em 2007, Bomb of Love – Música Safada para Corações Românticos, e agora mostra sua versatilidade artística com o DVD Eu Não Sou Nenhuma Santa (EMI), no qual solta a voz afinada em um show envolto na atmosfera de cabaré, com direito a números circenses no trapézio e a doses largas de irreverência.

A atitude debochada, que ri de si mesma e entretém o público, é o revestimento para um conteúdo musical que mostra qualidade por si só. Sílvia convence já na primeira cena, quando entoa uma das canções que justificam o alvoroço criado em torno do compositor Edu Krieger, "Simplesmente Mulher": "Sou devassa e sou santa/ recatada e vulgar/ louca, tão centrada e tão louca...". Daí em diante, vai provando faixa a faixa seu carisma meio torto, sua originalidade, e sem estardalhaços, ela se impõe, à vontade, livre.

Toma para si "Sweet Child O’ Mine", do Guns N’Roses, experimenta um exemplar do baú de Erasmo e Roberto Carlos, "Gente Aberta", mostra suas próprias canções, até encerrar a apresentação gravada ao vivo no Na Mata Café, em fevereiro, com a sua "Toda Bêbada Canta".

Não acabou. Os extras são imperdíveis. Momentos de outros dois shows, que trazem um duo com Nina Becker (eleita a cantora de 2008 pela APCA), na significativa "Girls Just Wanna Have Fun", além de outros ótimos covers, como "Stand by Your Man" e "La Vie en Rose". E, claro, mais cenas das peraltices de Sílvia pelas ruas do mundo. GGG1/2