Encontro com Armstrong
Para marcar os 90 anos do nascimento de Ella Fitzgerald, no dia 25 de abril, foi lançado no Brasil o álbum duplo Ella and Louis Again, parte da série Verve Classics (Universal).
O segundo e derradeiro encontro da primeira-dama da canção com Louis Armstrong, o embaixador do jazz, ocorreu em agosto de 1957, um ano depois de terem gravado Ella and Louis um marco para a carreira de ambos.
We All Love Ella enfileirou 13 nomes mais ou menos importantes da música popular americana para pagar um tributo a Ella Fitzgerald (1917 1996), que teria completado 90 anos no dia 25 de abril passado.
O disco é irregular. Embora cada uma das 16 faixas seja interpretada por uma artista diferente, cantando composições que ficaram conhecidas na voz da "primeira dama da canção", a impressão que se tem é que várias se parecem. Um sinal dos tempos. É difícil dizer onde termina Natalie Cole e começa Chaka Khan. Os nostálgicos e saudosistas podem balançar a cabeça e dizer que não, não se fazem mais Ellas como antigamente.
Os únicos homens na coletânea são Michael Bublé e Stevie Wonder. Este faz um dueto antológico e ao vivo com a própria Ella, em "You Are the Sunshine of My Life". Ao apresentar a canção, gravada em um show de Nova Orleans, em 1977, Wonder diz a frase que inspira o título do tributo: "Todos nós amamos Ella".
Diana Krall pode cantar o que quiser, como preferir e onde for, e será sempre um ponto alto. Aqui, ela se une ao pianista Hank Jones para interpretar "Dream a Little Dream of Me", dando um tempo nos arranjos orquestrais que embalam a maioria das faixas para criar um momento mais "íntimo". Seguida pela americana Lizz Wright em "Reaching for the Moon".
Com voz suave, Lizz faz jus ao seu lugar na homenageam a Ella, apesar ser menos popular que uma Natalie Cole ou uma Etta James (a voz feminina mais masculina que se pode imaginar, cantando "Do Nothin' Till You Hear From Me").
Dois anos atrás, Dianne Reeves ganhou atenção merecida no filme Boa Noite e Boa Sorte, de George Clooney, em que interpretou uma cantora de rádio, capaz de dar voz tanto a um clássico de George Gershwin quanto a uma propaganda de sabão em pó. Dianne é hoje uma das cantoras mais talentosas dos EUA e sua versão para "Oh, Lady Be Good!", justifica o elogio.
Uma em seguida da outra, Ledisi encara "Blues in the Night", Linda Ronstadt canta "Miss Otis Regrets" e Gladys Knight, "Someone to Watch over Me". Nenhuma delas chega a entusiasmar. Na verdade, ficam próximas de fazer exatamente o oposto.
Já K. D. Lang faz uma bela interpretação de "Angel Eyes". Queen Latifah, atriz de Chicago e Mais Estranho que a Ficção (entre outros), está bem à vontade cantando "Lady Is a Tramp". Na verdade, suas origens estão na música.
Em "Too Close for Comfort", Michael Bublé defende sua candidatura à "voz masculina da América", vaga que deve ser conquistada, se for, mais por falta de opção do que por talento. Mas ele parece competente e sua voz lembra muito a de Harry Connick Jr., outro que, no passado, tentou assumir a herança de Frank Sinatra.
Falando no Sinatra, o produtor Phil Ramone, que já gravou com "A Voz" além de ter trabalhado com Stan Getz e João Gilberto no clássico Getz/Gilberto , conseguiu fazer uma proeza diante o material que tinha em mãos. Com um elenco desigual, ele conseguiu dar identidade ao disco e criou um tributo, no mínimo, respeitável.
Por fim, não se pode ignorar os esforços de Dee Dee Bridgewater em "Cotton Tail" e Nikki Yanofsky em "Airmail Special" para fazer "scat" como Ella, modo de cantar que substitui palavras por onomatopéias quase sempre engraçadas.
No que tem de bom e de ruim, We All Love Ella consegue criar no ouvinte o impulso de ir (ou voltar) aos discos de Ella Fitzgerald. GGG
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