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Três exposições fotográficas abertas em Curitiba têm em comum a vontade de explorar o corpo humano. O resultado é ainda mais curioso porque a pesquisa do corpo nesses casos está aliada à nudez. Mostrar as pessoas despidas, no entanto, não precisa ser sinônimo de pornografia, sexo, erotismo ou baixaria. Muito pelo contrário.

No caso de Nilo Biazzetto Netto, que ministrou dois workshops de fotografia de nu feminino na escola Portfólio, a questão central é captar o belo. Cerca de 20 imagens produzidas pelos alunos e professores da escola apresentam diferentes abordagens do corpo feminino em exposição no bar Jokers (leia quadro ao lado). "A proposta é aprender a explorar o corpo feminino por meio da luz e formar um cena de forma a mostrar a beleza e a sensualidade", afirma Netto. O trabalho também exige muito preparo e estudo técnico. "É preciso pensar como a luz age sobre o corpo além de pensar no trabalho junto à modelo", explica o fotógrafo.

Para Marcelo Elias, fotógrafo e fotojornalista da Gazeta do Povo, também participante da mostra, as fotografias de nu feminino são um meio de pesquisa formal e gráfica. "Eu busco um tratamento não-vulgar, que não procura necessariamente a sensualidade e o belo em relação ao corpo, mas detalhes e formas diferentes de perceber a nudez", afirma. Elias consegue esses efeitos, explorando os contrastes, os jogos de luz e sombra, e até desfoques. "É como vestir a modelo com a luz. Às vezes vê-se apenas uma forma invadindo o quadro", conta Elias.

O fotógrafo diz que enfrenta alguma resistência e malícia entre os colegas de trabalho e o público. "Nas outras áreas da fotografia em que atuo, as pessoas ficam desconfiadas. Têm gente que acha que o objetivo é focar a mulher", relata. No entanto, o trabalho é idôneo e é reconhecido por todos que se dispõem a olhar de perto as imagens. "O mais difícil é encontrar uma modelo disposta a ficar à vontade enquanto está nua. Para isso, ela precisa confiar no nosso trabalho."

Sossella, fotógrafo que atualmente expõe cerca de 12 imagens no Espaço Galés, concorda. "Foto de nu pode ficar muito jacu facilmente. Para não ficar clichê e ordinário, é preciso um certo distanciamento emocional e confiança", conta. A exposição em questão, denominada Pedaços de Gente, não é propriamente um ensaio de nus, mas de fragmentos de corpos. Ao longo de 21 anos de atuação, o profissional diz sempre ter sido fascinado pela aparências das pessoas e por detalhes anatômicos. "Resolvi então fotografar esses detalhes que compõem a beleza", relata. Com cada fotografado, Sossella desenvolve um diálogo específico para explicar a seriedade dos seus objetivos e construir uma relação de confiança mútua. A mostra Pedaços de Gente vem sendo bem recebida, segundo o fotógrafo. "As pessoas se dizem felizes, porque entendem a exposição como um trabalho artístico", afirma Sossella.

Celebridades

Um outro lado dessa moeda é a exposição de nus aberta semana passada no Shopping Crystal, que chama a atenção por retratar celebridades. Cerca de 11 fotografias mostram nus de brasileiros famosos, um recorte contrastante em relação à visão habitual que esses personagens encontram nas mídias. A mostra chama-se Síntese, e, além de buscar a beleza dos fotografados, também revelou instantes de fragilidade dos modelos.

O trabalho foi realizado pelo fotógrafo e maquiador Fernando Torquatto. "A cumplicidade dessas pessoas não tem preço. No começo, alguns ficaram em dúvida, mas depois perceberam que era um nu artístico. Adorei misturar talentos consagrados com algumas caras novas", disse Torquatto à revista Caras, por conta da inauguração da exposição em São Paulo. Camila Pitanga, Reynaldo Ginecchini, Carolina Dieckmann, Preta Gil e Taís Araújo estão entre os fotografados.

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