A escritora Toni Morrison, vencedora do Nobel de Literatura em 1993 e autora de O Olho Mais Azul, é a grande estrela da 4.ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), atrasada em quase um mês graças à Copa do Mundo de futebol. Entre os dias 9 e 13 de agosto, a cidade histórica do Rio de Janeiro é invadida no bom sentido por milhares de turistas. Pelo menos 10 mil devem se acotovelar nas tendas do evento (a principal tem 600 lugares) e na praça local, armada com telão, para conferir os 37 protagonistas deste ano, 18 são estrangeiros e 19, brasileiros.
A vinda de Toni acontece quase três meses depois de uma reportagem do The New York Times que mobilizou uma centenas de escritores, críticos e editores para encontrar a resposta à pergunta "Qual é o melhor trabalho de ficção americana dos últimos 25 anos?". Amada (1987), famosa por ser uma das obras mais difíceis da escritora afro-americana, bateu concorrentes como Philip Roth (que teve seis romances citados, inclusive O Complô Contra a América), John Updike (a tetralogia dedicada ao personagem Coelho) e Don Delillo (Submundo).
Outro destaque da Flip é a baianidade. Além do show de abertura com Maria Bethânia, a festa paga tributo a Jorge Amado (1912 2001), recém-redescoberto na Europa e nos EUA, onde Gabriela, Cravo e Canela acaba de ganhar nova edição pela Bloomsbury, da editora Liz Calder, idealizadora da Flip. Autor de vários livros populares, como Capitães de Areia, Tieta do Agreste, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Amado era conhecido por retratar como poucos os cenários do Nordeste brasileiro e por ser um notório admirador da geografia feminina sobretudo de bundas.
Também digno de nota é a presença da escocesa Ali Smith, que aproveita a vinda a Paraty para lançar Por Acaso (The Accidental no original), vencedor do Prêmio Whitbread de melhor romance no ano passado. A láurea é a segunda mais importante da Inglaterra, atrás somente do Booker. Aos 44 anos, a bibliografia de Ali tem quatro títulos, inclusive Hotel World (2001), no qual discute questões existenciais principalmente ligadas à sexualidade humana a partir da vida de cinco mulheres.
Caminho semelhante segue o norte-americano Edmund White, autor da biografia do escritor francês Jean Genet (Genet: Uma Biografia, pela Record) e militante homossexual. Graças a obras como Um Jovem Americano e O Flâneur: um Passeio pelos Paradoxos de Paris, foi apontado pela ensaísta Susan Sontag (1933 2004) um dos melhores escritores dos EUA.
A Flip traz ainda Lilian Ross, 79 anos, autora de Filme (parte da coleção Jornalismo Literário, da Companhia das Letras), e um dos nomes essenciais da revista The New Yorker, para a qual escreve até hoje. Jonathan Sa-fran Foer, 29 anos, amado e odiado pelas duas obras que lançou: Tudo Se Ilumina e o mais recente, Extremamente Alto & Incrivelmente Perto, que a Rocco promete lançar neste mês; e Nicole Krauss, 32 anos, esposa de Safran Foer e escritora do ótimo A História do Amor (Companhia das Letras).
Completam a lista de convidados estrangeiros: Alma Guillermoprieto, Alonso Cueto, Benjamin Zapheniah, Christopher Hitchens, David Toscana, Mário de Carvalho, Mourid Barghouti, Olivier Rolin, Odjaki, Ricardo Piglia, Tariq Ali e Uzodinma Iweala.
Entre os 19 brasileiros, se destacam o paranaense Miguel Sanches Neto (Um Amor Anarquista), o poeta Ferreira Gullar e os romancistas André SantAnna (O Paraíso É Bem Bacana) e Carlos Heitor Cony (O Adiantado da Hora). Confira quadros com pequenas biografias e a programação completa da festa. Como nos anos anteriores, as pousadas da cidade já estão lotadas e os ingressos, quase todos esgotados. Mais informações pelo site www.flip.org.br.
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