Cerimônia
Prêmio revela hoje os vencedores em 35 categorias
Agência Estado
O Prêmio de Música Brasileira vai revelar hoje os 35 vencedores na cerimônia que terá João Bosco como homenageado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. São 104 indicados em categorias como MPB, instrumental e samba.
Este ano é o segundo da versão itinerante, com shows em sete cidades a última parada é São Paulo, dia 11 de julho. Os artistas escalados são Leila Pinheiro, Mariana Aydar, Arlindo Cruz e Péricles, além do próprio João Bosco.
Disputam 104 artistas, selecionados entre 735 CDs e 93 DVDs inscritos. Chico Buarque, Caetano Veloso, Criolo, Beth Carvalho, Dori Caymmi, Cauby Peixoto, Dominguinhos e Rosa Passos estão entre os indicados mais de uma vez.
Em uma edição de 1972, o semanário carioca O Pasquim encartou o primeiro compacto da série Disco de Bolso, que reuniria um artista consagrado e um músico iniciante. A ideia não passou do segundo número, mas o título de estreia se tornaria histórico ao trazer a primeira gravação da emblemática "Águas de Março", de Tom Jobim, e "o tal de João Bosco".
O lado B era "Agnus Sei", uma das mais de cem parcerias da então revelação mineira com o carioca Aldir Blanc, e marco inicial que João Bosco usa para traçar um panorama de sua carreira no recém-lançado DVD ao vivo (em estúdio) 40 Anos Depois.
A reflexão sobre a carreira ganha peso com a homenagem que o artista recebe do 23º Prêmio da Música Brasileira, que acontece hoje, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Canções de João serão interpretadas por Milton Nascimento e Toninho Horta, Ivete Sangalo, Criolo, Ney Matogrosso, Alcione, Zélia Duncan, Gaby Amarantos e Zeca Pagodinho, além do próprio compositor (leia mais sobre o prêmio ao lado).
Olhares
O universo de Minas Gerais inscrito em "Agnus Sei" de acordo com o próprio João, influenciada pelo barroco de Ouro Preto, onde era estudante de engenharia civil na época é sublinhado no DVD pela participação de Milton e Horta, ícones da genial geração mineira dos anos 1960 e 1970.
A idealização da época de ouro do Rio de Janeiro, para onde João se mudaria em 1973, é representada pela participação do grupo instrumental carioca Trio Madeira nos sambas "Plataforma" e "De Frente Pro Crime" (que tem vocal de Roberta Sá), por Chico Buarque em "O Mestre-Sala dos Mares" e "Bom Tempo", e por composições de Noel Rosa, Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola.
Da mesma época data a amizade com João Donato, que toca em "Eu Não Sei Seu Nome Inteiro" (parceria entre o pianista, João e seu filho, Francisco Bosco) e "Drume Negrita".
O padrinho da estreia, Tom Jobim, é lembrado em "Lígia" (ausente da versão em CD, que tem quatro músicas a menos) e "Fotografia" que, ao mesmo tempo, remete em sonoridade ao fascínio de João pelo suingue da música negra norte-americana. E o encadeamento de alusões segue por frentes inesgotáveis.
"Cada detalhe é uma reflexão de um certo momento que achei importante lembrar", diz João Bosco, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "É um exercício de reflexão sobre os olhares que eu tinha naquelas épocas com o olhar de agora. As músicas têm uma nova maneira de se mostrar, novas vestimentas e cenários. Vou lembrando daquilo agora, como se estivesse acontecendo hoje", afirma o músico, que atribui todo o sentido final a um processo intuitivo, "sem racionalidade na concepção".
Homem-música
Este espírito de espontaneidade permeia as gravações, feitas com ares de "jam session" dados pela sofisticação musical de convidados como Horta, Donato e o velho amigo Cristóvão Bastos, que participa da instrumental "Lilia", de Milton. E, a propósito, pelo próprio João, que é uma das referências brasileiras como instrumentista. Seu violão de grande complexidade e precisão rítmica da mão direita, simultâneas aos complicados acordes na mão esquerda, é uma "escola" com as dimensões de estilos como os de João Gilberto, Baden Powell e Gilberto Gil como explica o próprio compositor baiano em um dos vídeos produzidos pelo Prêmio de Música Brasileira.
Este aspecto musical na obra de João é classificado como a sua porção de "homem-música" por Francisco Bosco, no texto de apresentação do DVD, que atribui ao pai o mérito de também ostentar a faceta de "homem-canção", responsável por tantas outras obras-primas da relação entre melodia e letra que não estão nesta gravação. Clássicos como "Incompatibilidade de Gênios", "O Ronco da Cuíca", "Linha de Passe", "O Bêbado e a Equilibrista" e "Papel Marchê", além de "Bala Com Bala" (sua primeira composição com Blanc gravada por Elis Regina e também responsável pela sua estreia fonográfica), ficaram de fora por já terem sido registrados no também comemorativo e ao vivo Obrigado, Gente!, lançado em 2006 por ocasião de seus 60 anos de idade.
Efeméride que João já alegava ser desimportante, como afirma ser a destes 40 anos. "É comemorativo, mas não sinto isso. É uma música boa, feita agora, por novos arranjos. Nem precisava ser comemorativo. É apenas uma coincidência cronológica", diz. A perenidade de sua obra, que o músico atribui à estética duradoura de toda a sua geração, é o que interessa. "Quero viajar com um sexteto fazendo shows de mesmo nome do DVD, com boa parte do repertório. Mas a gente vai curtir a música, não a celebração."
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