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Outros olhares, a face oculta de Curitiba ganha espaço pelas idéias do Olho Vivo | Fotos: Marco Novack/Divulgção
Outros olhares, a face oculta de Curitiba ganha espaço pelas idéias do Olho Vivo| Foto: Fotos: Marco Novack/Divulgção
  • A realidade do comércio no documentário Vida de Balcão
  • Uma câmera nas mãos e a vida nas telas: Minha Vila Filmo Eu
  • Oficina de dramaturgia em meio ao projeto Ficção Viva

Desconstruir preconceitos e visões superficiais a respeito de Curitiba. A idéia deu origem ao projeto Olho Vivo cinco anos atrás, quando o cineasta Luciano Coelho e o ator Marcelo Munhoz se inscreveram em um edital da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

Se o projeto Residências Culturais do Novo Rebouças não transformou o bairro, de fato, em um espaço-modelo das artes, a semente da dupla germinou.

Hoje, eles contabilizam 37 filmes, 22 deles são documentários e os demais, ficções. Mas esses produtos são apenas a ponta de um iceberg.

O projeto, agora independente do poder público, oferece em sua sede, no Rebouças, várias oficinas – de interpretação, roteiro, direção, fotografia etc. Na Vila Torres, interessantíssimo ponto de cultura, a comunidade transforma em imagens em movimento muito do que se passa na vida real: é a proposta Minha Vila Filmo Eu.

Com esse caldeirão de atividades, incluindo a ação na ex-Vila Pinto, o Olho Vivo desmonta a imagem de Curitiba como uma cidade ecológica, modelo ou a capital dos poentes do Brasil. Audiovisuais já abriram espaço para catadores, negros, umbandistas, grafiteiros, prostitutas, entre outros personagens urbanos que muitos querem distantes ou, no máximo, invisíveis.

A arte de desdobrar

Neste ano, outras veredas se apresentaram e já é possível olhar a cidade a partir da trajetória de cada um dos envolvidos no Olho Vivo. Desde outubro, o Ficção Viva atua em três frentes: roteiro, interpretação e realização. Além das oficinas, protagonistas nacionais do audiovisual interagem com os participantes.

Depois da documentarista Maria Augusta Ramos, do ator e pesquisador Carlos Simioni, é a vez do diretor de fotografia Alziro Barbosa trocar palavras e visões de mundo, inclusive com a comunidade, na Cinemateca hoje à noite.

Quando 2009 terminar (e o ano apenas se insinua), o Ficção Viva terá concluído três curtas, um documentário e um making of a respeito de todo esse processo. Coelho e Munhoz, ambos com 37 anos, de tanto fazer, talvez daqui a um ano venham a brindar os feitos já concluídos com versos de Paulo Leminski: "Viu-me./ E passou./ Como um filme".

O bloco do nós

Alguns talentos descobertos pelo Olho Vivo conseguiram realizar projetos pessoais. Um exemplo é Juliana Sanson, que dirigiu o curta-metragem Fabulário Geral do Delírio Curitibano, que dialoga com a obra do escritor Charles Bukowski (Factotum).

"A Juliana, depois de um aprendizado intenso, demonstra autonomia para vôos solos", diz Luciano Coelho. Assim como ela, outros integrantes das oficinas conseguiram se destacar e muitos já se tornaram colaboradores de Coelho e Munhoz em empreitadas paralelas.

O modus operandi do Olho Vivo leva em consideração a possibilidade do ator interferir no roteiro, do cenógrafo palpitar na direção, sempre em busca de um norte que desvie de velhas maneiras de fazer cinema e documentário.

Uma nova Curitiba é mirada e, sobretudo, projetada pelo Olho Vivo.

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Serviço

Ficção Viva. Bate-papo com Alziro Barbosa. Exibição do filme Mystérios, de Beto Carminatti e Pedro Merege (com direção de fotografia de Barbosa). Hoje, às 20 horas. Cinemateca de Curitiba (R. Carlos Cavalcanti, 1.174), (41) 3015-1592. Entrada franca.

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