• Carregando...

Um, dois, três, quatro. E entram bateria, guitarra, baixo e voz. Tudo rápido. A letra é engraçada, conta a história de um punk revoltado com seus amigos, que agora só querem saber de música dançante. Em menos de um minuto, já vem o refrão. É "Dig That Groove", cantada pelos Toy Dolls. O público canta junto, aos pulos, berrando. O refrão volta mais duas vezes, intercalando um solo de guitarra de Olga, o dono da banda há 26 anos. Depois de mais uns segundos – tudo no show é rápido – já acaba a música.

Um, dois, três, quatro. É a próxima. Num show desse tipo, não há tempo para pensar no que vem em seguida. É só o baterista bater as baquetas quatro vezes, e já começa outra coisa. No caso dos Toy Dolls, que se apresentaram em Curitiba na sexta-feira, no Espaço Callas, depois de uma única passagem pela cidade 11 anos atrás, pode ser uma música infantil transformada em punk ou uma música instrumental baseada na Toccata e Fuga em Ré Menor, de Johann Sebastian Bach. Ou uma original da banda, que o público conhece de cor.

Herdeiros da geração punk original, os britânicos Olga, Tommy Goober e The Amazing Mr. Duncan fizeram um show de uma hora e 15 minutos. Com 27 músicas. Média de dois minutos e meio para cada uma. O único instrumento fora baixo, guitarra e bateria era o kazu, uma espécie de apito usado para imitar um naipe de metais. Em uma entrevista coletiva concedida quatro horas antes do show, Olga disse que apesar de ser punk, nunca tem atitudes de contestação no palco. Pelo contrário: ele o baixista dão pulinhos, fazem coreografias bizarras e sorriem o tempo todo. "É bom fazer as pessoas felizes", disse.

E é só para isso que serve o rock. Fazer as pessoas felizes. Na sexta-feira, os Toy Dolls conseguiram. Não tentaram em nenhum momento ser profundos, não usaram acordes diferentes só para obter reconhecimento de que são músicos profundos, como virou moda no mundo do rock de hoje. Fizeram o que fazem os melhores roqueiros. Disseram "um, dois, três, quatro" e começaram uma nova música. De dois minutos e meio, com riffs, refrões, guitarra, baixo, bateria e voz. É só rock, mas é bom demais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]