Lolô Cornelsen (à dir.): diálogo com o concretismo| Foto: Divulgação

Filme

Traço Concreto

Dirigido por Eduardo Baggio e Danilo Pschera. Cine Guarani (Av. República Argentina, 3.430 – Portão). Em cartaz até 28 de março, com sessões às 18 e às 20 horas. Ingressos a R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). Estudantes, professores e profissionais das áreas de Arquitetura, Design e Urbanismo poderão formar turmas fechadas para ir às sessões, comprando pacotes de ingressos antecipados com a Moro Filmes: (41) 3013-4163. Mais informações pelo telefone (41) 3229-4484

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Longa-metragem visita casas curitibanas modernistas
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O documentário Traço Concreto, dirigido por Eduardo Baggio e Danilo Pschera, tem uma estrutura narrativa bastante ousada. Para falar da arquitetura modernista em Curitiba, o filme, em cartaz no Cine Guarani, se divide em três blocos. Em cada um deles, explora um momento na vida de uma casa construída dentro desse estilo arquitetônico, mas em períodos históricos distintos, nos quais as linhas edificadas dialogam com seu tempo, e suas inquietações.

Segundo Pschera, que tem formação em Jornalismo e mestrado em Documentário pela Goldsmith University of London, no Reino Unido, tanto ele quanto Baggio, atualmente em viagem de estudos a Portugal, têm fascínio pelo tema arquitetura. Ele disse, em entrevista à Gazeta do Povo, ter sempre se sentido intrigado pela ideia do que uma casa representa, para além de sua função de abrigo. Suas implicações filosóficas, sociais e ideológicas.

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Tendo como consultor o historiador e arquiteto Iran Dudeque, cujo livro Espirais de Madeira: uma História da Arquitetura de Curitiba (sua tese de mestrado) teve papel fundamental na pesquisa feita para a realização do filme, Baggio e Pschera procuraram alinhavar um roteiro que fugisse do óbvio, do meramente didático e cronólogico.

Para falar do nascimento do projeto de uma casa, em construção no ano de 2008, quando o documentário saiu do papel, os diretores recorreram a uma residência criada por Marcos Bertoldi, expoente da arquitetura brasileira contemporânea e profissional de reconhecimento internacional.

Já para retratar de uma casa "viva", habitada, com histórias de vida pulsando em seus cômodos, a opção foi por uma construção na imediações do Parque Barigui, assinada pelos arquitetos Salvador Gnoato e Osvaldo Hoffman Filho e erguida em 1979.

Por último, no intuito de mostrar o extremo mais triste, o fim da história de uma casa com enorme significado artístico e histórico, foi escolhida a casa desenhada por Lolô Cornelsen em 1949, situada na Alameda Presidente Taunay, no Batel, e demolida no fim dos anos 1990.

Cada uma dessas residências, como já foi dito, estabelece uma conversa com a época na qual elas foram projetadas e construídas. A Casa Lolô Cornelsen, que veio ao mundo no fim da atribulada década de 40, no pós-Segunda Guerra Mundial recebeu em seus cômodos amplos, de pé direito alto, os presidentes Juscelino Kubitschek e Costa e Silva, e mantinha forte diálogo com o que viria a se consolidar como o concretismo e as ideologias de esquerda em um mundo polarizado pelo início da Guerra Fria.

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Já a de Gnoato e Hoffmann Filho, com uma fachada cerrada, ergue-se quase como um libelo contra o cerceamento da liberdade de expressão imposto pela ditadura militar nos anos 1970. A casa mais recente, de Marcos Bertoldi, por sua vez, nas palavras do próprio arquiteto, tem menos compromissos ideológicos, distanciandio-se desse âmbito mais político, para aproximar-se mais de um debate de ordem estética.