A localização do Museu de Arte Contemporânea (MAC) é talvez uma de suas qualidades mais interessantes. O edifício amarelo dá de frente para a acinzentada Praça Zacarias, ocupada por pontos de ônibus e todo tipo de comércio. Não é raro flagrar passantes preocupados com suas rotinas mundanas arriscando um passeio pelas formas e texturas da arte contemporânea, naqueles cinco ou dez minutos que sobram entre a chegada do próximo ônibus ou do término de horário de almoço. A partir de hoje vale a pena dar mais do que uma espiada. O melhor será separar um dia inteiro para visitar a 61.ª edição do Salão Paranaense.
O evento merece atenção não apenas porque é o mais antigo salão do Brasil, mas por se tratar de uma rara oportunidade para se conhecer a produção de 23 artistas do Brasil e do exterior. A maioria deles veio pessoalmente para o evento e, como nas edições passadas, deverá acompanhar a recepção de suas obras entre o público interessado. Então, não vale dizer "não entendi" e sair afirmando que os desenhos do seu filho também são arte contemporânea. Os artistas estão lá, então é só dar a cara para bater e sair perguntando. Quem sabe, muitos descobrirão que as obras, por mais esquisitas que pareçam, guardam conceitos e se inserem dentro de um histórico amplo de realizações do artista e das próprias artes visuais.
Haverá gente como o Charles Klitzke, que colocou adesivos lambe-lambe (stickers) nas paredes do museu para fazer uma ponte com o mundo da rua. Ou Hugo Houyek, que pinta nas lonas plásticas, experimentando diferentes suportes para o meio. Ou, ainda, o curitibano Luiz Rodolfo Annes e seus desenhos que agora foram parar em animações. Tem até uma peça que é um banquinho colocado em frente a outras obras, discutindo a contemplação da arte.
Um debate foi programado para as 17 horas de amanhã, com o objetivo de repercutir as obras apresentadas no salão. O novo formato do evento, que agora se tornou bienal, também será posto à prova na ocasião. Entre as mudanças promovidas por iniciativa do ex-diretor do museu, Jair Mendes, está a extinção da escolha de três vencedores da mostra. Agora, todos os selecionados receberão a mesma quantia de R$ 7,5 mil. Também foram criadas três categorias. A primeira, de participações espontâneas, reúne dez dos 375 trabalhos inscritos, escolhidos pelo conselho curatorial. A de convidados nacionais agrega outros dez artistas de atuação expressiva na arte contemporânea. A última categoria engloba três autores de outros países do Mercosul, visando aproximação e intercâmbio com os países vizinhos (leia quadro).
Considerável parcela da classe artística local recebeu as alterações com críticas, temendo a desvalorização dos artistas locais em função da restrição do número de expositores. O MAC, por sua vez, alega que o novo modelo permite maior sintonia com as tendências nacionais e internacionais.
Serviço: 61.º Salão Paranaense. MAC Museu de Arte Contemporânea (R. Desembargador Westphalen, 16), (41) 3323-5327. Abertura hoje, às 20 horas. Visitação, de terça a sexta-feira, das 10 às 19 horas; sáb. e dom., das 10 às 16 horas.
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