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Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias? | Reuters/Arquivo
Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias?| Foto: Reuters/Arquivo

Guimarães Rosa na Croisette

Mutum, da cineasta Sandra Kogut, é o representante brasileiro na Quinzena dos Diretores do Festival de Cannes. A diretora carioca terá a honra de encerrar a mostra paralela com este filme, uma adaptação de Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa. "Mutum nos seduziu pelo olhar poético desta cineasta conhecida por sua obra documental, um olhar infantil como seus protagonistas", disse o diretor da mostra, Olivier Père, no começo do mês, ao anunciar os selecionados da mostra. A Quinzena também inclui em seu programa o longa português O Estado do Mundo, filme coletivo que conta com a participação do brasileiro Vicente Ferraz, diretor do documentário Soy Cuba – O Mamute Siberiano.

PARIS – O Festival de Cannes celebra, a partir de hoje e até 27 de maio, sua 60.ª edição sem se separar da tradição que o transformou no evento cinematográfico mais prestigioso do mundo: uma receita de sucesso que alia o glamour das estrelas ao cinema autoral, os grandes cineastas aos novos talentos, a paixão cinéfila à indústria cinematográfica.

"Quisemos misturar a tradição e a modernidade, grandes nomes e jovens, que surgem "no mundo do cinema", explica o presidente do festival, Gilles Jacob. O diretor artístico do evento, Thierry Frémaux, concebe a seleção de filmes como uma "colheita de temporada", em que se misturam cineastas consagrados e jovens, compromisso político e pesquisa formal, mas também cinema popular. E a safra de 2007 promete ser excepcional: entre os 22 filmes da mostra competitiva da seleção oficial, estão alguns dos maiores cineastas atuais, entre eles vários já premiados com a Palma de Ouro – os norte-americanos Quentin Tarantino, Gus Van Sant e os irmãos Coen –, e um ganhador duas vezes do prêmio, o bósnio Emir Kusturica. Kusturica, que foi consagrado em 1985 por Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios", e em 1995, por Underground. Desta vez, ele apresentará Promise Me This.

Outra curiosidade é que três dos candidatos deste ano à Palma de Ouro foram presidentes do júri nos três anos anteriores: Kusturica e Wong Kar Wai. Mas os jovens talentos também integram a seleção de 2007, visto que mais da metade dos filmes da mostra competitiva são obras de diretores que concorrem pela primeira vez na mostra. Vários jovens diretores aparecem pela primeira vez em competição, entre eles a autora de HQs franco-iraniana Marjane Satrapi, o francês Christophe Honoré, o alemão Fatih Akin, o sul-coreano Lee Chang-dong e o romeno Cristian Mungiu.

A presença européia é importante, com uma dúzia de filmes, mas o cinema espanhol foi o grande esquecido desta edição. Outra curiosidade do festival é que fica cada vez mais difícil definir a nacionalidade de um filme. É o caso de Le Scaphandre et le Papillon (O escafandro e a borboleta, literalmente), do americano Julian Schnabel, foi selecionado como filme francês.

O cinema norte-americano mais uma chega com força : Gus Van Sant (Palma de Ouro em 2003 por Elefante), apresentará Paranoid Park, adaptação de um romance de Blake Nelson; Ethan e Joel Coen (Palma de Ouro em 1991 por Barton Fink) concorrem com No Country for Old Men; Quentin Tarantino (Palma de Ouro em 1994, por Pulp Fiction – Tempo de Violência) está de volta com Prova de Morte, filme no qual se aventura no universo dos filmes de terror antigos. A fita faz parte de Grindhouse, uma produção conjunta entre Tarantino e Robert Rodríguez (El Mariachi). A representação americana se completa com Zodiac, de David Fincher, e We Own the Night, de James Gray.

O chinês Wong Kar Wai não só terá o privilégio de inaugurar o evento, mas também aspira à Palma de Ouro com seu filme My Blueberry Night, interpretado por Jude Law e a cantora americana Norah Jones, que estréia como atriz. O mestre russo Alexandre Sokurov também está na seleção com seu último filme, Alexandra.

O mexicano Carlos Reygadas terá pela segunda vez a responsabilidade de representar, sozinho, entre os grandes, o cinema latino-americano. Isto já aconteceu em 2005 com Batalla en el Cielo, e agora, seu Luz Silenciosa é o único filme da região na mostra competitiva. Esta representação regional limitada é compensada pela seleção da segunda seção oficial da mostra, Um Certo Olhar, e nas paralelas, Quinzena dos Diretores e Semana da Crítica, nas quais estão listados 20 filmes latino-americanos.

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