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O cinema brasileiro parece ter descoberto um novo filão: a adaptação de comédias que fizeram sucesso no teatro. Depois de "Irma Vap - O retorno", de Carla Camurati, estréia nesta sexta-feira (25) a versão para as telonas de "Trair e coçar é só começar".

A peça de Marcos Caruso e Jandira Martini está em cartaz nos palcos há 20 anos, e foi vista por mais de 4 milhões de pessoas. Foi nessa peça que a comediante Denise Fraga ganhou fama, ao interpretar a empregada Olímpia.

No filme de Moacyr Góes (diretor de "Xuxinha contra os Monstros do Espaço"), o papel de Fraga é feito por Adriana Esteves que, infelizmente, não mostra o mesmo ritmo e disposição para fazer rir.

Olímpia (Esteves) é a personagem central dessa comédia de erros. Ela trabalha para o casal Eduardo (Cássio Gabus Mendes) e Inês (Bianca Byington). As confusões começam quando a patroa decide dar uma festa-surpresa para comemorar o aniversário de casamento e pede ajuda à sua empregada.

Para evitar que Eduardo descubra a festa, Olímpia monta uma teia de mentiras que têm ligação com a fidelidade do casal. Alguns equívocos são involuntários, mas muita coisa é fruto da imaginação da empregada, que em suas artimanhas acaba envolvendo Lígia (Mônica Martelli) e Cristiano (Mario Schoemberger).

A confusão começa quando Olímpia vê Inês ser assediada pelo síndico do prédio, Cláudio (Otávio Muller), e desconfia que os dois estão tendo um caso. Para piorar, Eduardo brinca com a empregada dizendo que tem uma série de amantes, e que, inclusive, uma delas é bailarina de dança do ventre.

Como Cristiano já desconfia da fidelidade de Lígia, não é preciso muito para Olímpia deixá-lo irado, em busca de vingança. Quando os dois amigos se encontram, eles planejam se vingar da infidelidade das mulheres.

A adaptação de "Trair e coçar" se apóia no pior do teatro filmado. Os atores falam alto e gesticulam muito o tempo todo - como se quisessem ter certeza de que as pessoas da última fileira estão acompanhando tudo. Mas se esquecem de que cinema não é teatro e esse tipo de artifício é desnecessário.

Moacyr Góes dirige seu sétimo filme cometendo equívocos que muitos estreantes conseguem evitar. Sua origem como diretor de teatro é evidente, com redundâncias visuais e câmeras mal posicionadas.

O roteiro, assinado pelos dramaturgos, apóia-se em estereótipos piores do que os comuns em novelas. O filme trai um certo preconceito contra as empregadas domésticas, reduzindo-as a seres servis que veneram seus patrões.

Com orçamento em torno de R$ 5 milhões, o longa não conta com o apoio da Globo Filmes em seu lançamento. Mesmo assim, o produtor Diler garante estar confiante no desempenho da trama, graças a seu apelo popular.

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