Teatro
Veja informações destas e outras peças no Guia da Gazeta do Povo.
Neste sábado, Curitiba passa a receber uma montagem cercada de uma boa dose de expectativa e integrante de um percurso curioso no meio literário contemporâneo. Trata-se de O Incrível Menino Preso na Fotografia, espetáculo dirigido por Fátima Ortiz, baseado em texto célebre do dramaturgo paulista Fernando Bonassi.
A origem do texto de Bonassi remete ao fim de agosto de 2003. Sob os domínios de uma estabilidade democrática configurada, Bonassi escrevia uma coluna no jornal Folha de S. Paulo relatando sua infância, seus impasses e paralisias sociais. Aconteceu, então, das memórias se desdobrarem numa trama independente e, por fim, resultarem naquele que é um dos textos mais pungentes da dramaturgia brasileira contemporânea, publicado originalmente em Histórias Extraordinárias, de 2005.
A peça, que estreia no Teatro José Maria Santos, narra as percepções de um menino de 12 anos diante de um mundo de contornos angustiantes. "Nós buscamos trazer ao texto elementos cênicos que catalisem tudo o que ele tem de crítico e poético, até desobedecendo um pouco o autor", alega Fátima.
Mas não se engane: o título do livro de Bonassi que contém O Incrível... pode até remeter a um Edgar Allan Poe das histórias de mistério. Porém, seus textos nunca foram ao encontro do excepcional e do tétrico, por mais que algumas situações carreguem algo de anormal: sua prosa é das dores do cotidiano, de todo o absurdo que nos reveste e nos apunhala.
"Obediência"
O espaço psicológico da peça não é tão simples de definir, mas é representativo do viés caótico e carregado da mão de Bonassi, que abria sua alegoria da opressão assim: "Eu sou o menino da fotografia. O incrível menino preso na fotografia. Sentei-me nesta cadeira envernizada no dia 2 de agosto de 1973, às oito horas e 50 minutos da manhã, conforme me foi ordenado."
O eixo da história retrata um garoto que vai ao pátio de sua escola para um registro fotográfico, uma praxe da época. Entretanto, ao se posicionar na cadeira, ele acaba preso dentro da fotografia e paralisado no tempo. A partir desse argumento, próximo ao Teatro do Absurdo, se inicia uma série de reflexões sobre o tempo, a história recente do país e a condição do indivíduo diante do Estado repressor e unilateral.
"Nós trouxemos o ator Daniel Valenzuela e o músico curitibano Troy Rossilho para representarem este menino-adulto que reflete sobre sua situação. Fomos fiéis ao texto, mas trouxemos algumas novas camadas, como o espaço de transição dos dois atores. A peça é uma espécie de convite à ação", completa Fátima. O espetáculo é uma realização da Mataveri Cultural em parceria com a Cia. Pé no Palco e fica em cartaz até 23 de novembro.
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