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Stoppard: mistura de fato e ficção | Amie Stamp/Divulgação
Stoppard: mistura de fato e ficção| Foto: Amie Stamp/Divulgação

Travesties (confira o serviço completo), peça do britânico Tom Stoppard, é uma farsa. Como pede o gênero teatral, ela trabalha com situações engraçadas e mistura figuras importantes da literatura mundial (Oscar Wilde, James Joyce) e da História (Lênin) com os personagens da peça.

O texto procura discutir o papel da revolução nas artes e dos artistas na sociedade. O tema é caro para o diretor Caetano Vilela, responsável pela adaptação. Ele conta que estudou, traduziu e estava prestes a adaptar Rock ‘n’ Roll, também de Stoppard. Quando foi comprar os direitos da obra, descobriu que ela já havia sido adquirida no Brasil.

Para aproveitar o embalo, pois estava envolvido com as ideias de Stoppard, foi buscar uma alternativa e encontrou Travesties. Falou com o autor e disse que estava disposto a fazer uma montagem. Queria os direitos, mas não havia nem sequer lido a peça. "Eu não precisava. Vi a sinopse e tinha certeza de que era genial. Era o que eu queria", diz Vilela.

Stoppard pediu ao brasileiro que lesse o texto e, se ainda quisesse adaptar a obra, ele não se oporia. Logo, estavam discutindo detalhes. O britânico pediu, por exemplo, que a tradução fosse feita por um amador e não por um profissional. "Precisava ser alguém que não o ‘respeitasse’", lembra Vilela.

A comédia que tem apresentações nesta sexta-feira e sábado, no Festival de Curitiba, foi escrita por Stoppard em 1970 e se passa durante a Revolução Russa, em Zurique. O cenário é a casa de Henry Carr e a Biblioteca Pública da cidade.

Por emendar a Rússia com o mundo fictício da cabeça de Carr, que tem uma memória falha, a história transita entre os períodos moderno (pré-revolução na Rússia) e vitoriano (durante o qual viveu Wilde, autor de O Retrato de Dorian Gray), ao mesmo tempo que atualiza os temas para o público.

A montagem de Travesties marca uma mudança na história da Cia. Ópera Seca – este é o primeiro espetáculo do grupo sem a presença do diretor Gerald Thomas, que decidiu se afastar do teatro.

Antes de sair de cena, Thomas conversou com Vilela e sugeriu que ele montasse Travesties com a Ópera Seca. "O Gerald sempre teve uma sintonia com a dramaturgia do Stoppard. Ele dizia ‘esse é o único autor vivo que eu respeito’", conta Vilela.

Uma das coisas que atraíram o diretor para a peça foi a possibilidade de falar de História sem ser didático nem chato. A combinação de fato e ficção é uma das marcas de Stoppard e um dos muitos interesses da Ópera Seca.

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