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A reunião de diretores de renome em um mesmo filme é algo esporádico no cinema. Eros, produção que estréia hoje em Curitiba, é um dessas raras oportunidades de acompanhar o trabalho de grandes cineastas, de diferentes nacionalidades e estilos, em torno de um mesmo tema.

Filmar um história com erotismo foi a atividade proposta a Michelangelo Antonioni (Blow Up – Depois Daquele Beijo), Steven Soderbergh (Traffic) e Wong Kar Wai (Amor à Flor da Pele). O resultado final não é homogêneo e, na realidade, somente o episódio dirigido por Kar Wai vale o ingresso do espectador. Mas ele é o último a ser apresentado. Antes, é necessário acompanhar os irregulares curtas dirigidos por Antonioni e Soderbergh.

O veterano cineasta italiano (de 93 anos) mostra ao público "O Perigoso Estado das Coisas", sobre um casal com problemas de relacionamento. Com uma estética datada (anos 60/70, mas com poucos ecos dessa melhor fase do diretor), a trama tem diálogos na linha existencialista. A boa fotografia e as belas atrizes são os aspectos que despertam um certo interesse pelo trabalho.

O oscarizado americano parece ter levado bem na brincadeira a realização de seu episódio. Erotismo é o que menos há em "Equilíbrio", piada sem muito fôlego estrelada pelos bons atores Robert Downey Jr. e Alan Arkin, falando de um publicitário com crise de idéias que decide visitar um analista para tentar se curar. Um exercício de estilo – alterna película cor e preto e branco, acrescentando algumas reviravoltas à história – sem muito inspiração de Soderbergh.

Se o espectador vencer o cansaço causado pelas partes anteriores, vai ser recompensado com o ótimo "A Mão", uma produção de Wong Kar Wai. Em plena forma, o cineasta de Hong Kong, um dos melhores da atualidade, dá continuidade ao grande trabalho que vem realizando nos últimos anos com uma trama de um delicado erotismo, mostrando a relação de um costureiro e uma cortesã. Zhang (Chang Chen) tem um primeiro e único contato sexual com a senhora Hua (Gong Li) – o título da seqüência entrega o tipo de ato sexual– e passa a idolatrá-la, mesmo sabendo que seu amor dificilmente será retribuído.

Kar Wai apresenta um filme consistente, como de costume, tratando com todo cuidado e esmero de todos os aspectos da produção, da trilha sonora à bela fotografia, dos planos bem-elaborados à atuação precisa dos atores. É tão superior aos outros dois episódios que deveria ter sido lançado sozinho, nem que fosse como média-metragem apenas. 2046, o novo filme do diretor, deve estrear no começo de 2006 no Brasil.

Eros tem uma participação brasileira – a música "Michelangelo Antonioni", de Caetano Veloso, composta especialmente para o filme, é a trilha principal da produção, entrecortando os episódios e fechando os créditos do filme. GGGG

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