A banda toca em um pequeno auditório, grava o show ao vivo e, em poucos dias, recebe 35 cópias do registro no formato de CD. A idéia não poderia ser mais simples, mas virou um dos assuntos do ano na cena musical curitibana. Capitaneada pelos integrantes do grupo Beijo AA Força, A Grande Garagem Que Grava (GGG) encerra hoje sua primeira etapa com o lançamento de duas caixas contendo as apresentações de 16 artistas curitibanos. O evento acontece na própria garagem-palco-estúdio, com performances de Pelebrói Não Sei? e Bad Folks.

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A GGG era uma das casas do projeto Residências Culturais do Novo Rebouças, da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), que tinha como objetivo incentivar diferentes núcleos de produção da cidade. Era porque o patrocínio acabou, obrigando os "garageiros" a cobrar por seus serviços. A partir de agora, quem quiser tocar e gravar no espaço terá de desembolsar R$ 800. "A gente entra com luz, som, porteiro, técnicos e a gravação. E a banda recebe 50 CDs, além de ficar com o dinheiro da bilheteria", explica o músico Rodrigo Barros, um dos cabeças da holding alternativa que ainda abrange a produtora Central Homem de Ferro e o estúdio Chefatura.

Barros afirma que o grupo vai procurar a FCC para uma nova conversa. Também pretende incluir o projeto no próximo edital de patrocínio da Petrobrás, em novembro. Até lá, pelos menos duas formações já confirmaram suas gravações no esquema "privado": a local Heitor Humberto e Banda Gentileza e a catarinense Red Tomatoes. O músico, no entanto, garante que a garagem não está aberta para qualquer artista. "Selecionamos quem vai participar, não somos um varejão de CDs", diz.

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Com o dinheiro ganho com a venda das primeiras cópias, as bandas podem produzir uma nova tiragem do CD e, assim, espalhar seu trabalho por aí. Mas o impulso na divulgação de artistas independentes não é, necessariamente, a principal marca deixada pelo projeto. Mais do que movimentar o underground, a iniciativa conseguiu produzir um interessante registro histórico da música autoral da cidade. Afinal, muitos dos nomes contemplados talvez nunca cheguem a gravar um CD nos moldes tradicionais. Outros sequer estarão na ativa em 2006.

Qualidade artística das bandas à parte, o fato é que A Grande Garagem Que Grava cumpriu sua função e, ao contrário de boa parte dos projetos bancados com dinheiro público, mostrou um resultado concreto.

* Serviço: Lançamento dos CDs produzidos n' A Grande Garagem que Grava (Rua Santo Antônio, 900 – Rebouças). Show com Pelebrói Não Sei? e Bad Folks. Hoje, a partir das 19 horas. Ingressos a R$ 5. Informações: (41) 333-4779.

Encaixotados

Com o sucesso d' A Grande Garagem Que Grava, que previa a gravação de oito bandas, os produtores decidiram ampliar a iniciativa para mais oito artistas, no projeto denominado Sabadabadoo (no qual os participantes pagavam apenas o custo da matéria prima de 50 CDs). São 16 discos divididos em duas caixas, vendidas nas Livrarias Curitiba e na própria GGG ao preço de R$ 80. Confira o conteúdo de cada box.

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Ao Vivo na Grande Garagem Que Grava – Maremotos, Bad Folks, Gengivas Negras, Wandula, Sinfonética Comunitária Flutuante, Os Catalépticos, Carlos Careqa e Maxixe Machine, Pelebrói Não Sei?.

Sabadabadoo – The ESS, Sara 572, Góticos 4 Fun, Mordida, DJ Jeff Bass + Sotak + Mc Magú, Primal..., C.T.B.A., Gruvox.

Número

R$ 62 milfoi o custo de operações d'A Grande Garagem Que Grava em 2005. A iniciativa, criada pelos integrantes da banda Beijo AA Força, foi patrocinada pela Fundação Cultural de Curitiba, por meio do projeto Residências Culturais do Novo Rebouças.