Programe-se
Trombone de Frutas Lançamento do disco Chanti, Charango?
Teatro do Paiol (Pça. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Hoje, às 21 horas. R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada).
Se a música de Curitiba tem uma cara, provavelmente ela se parece com um mosaico caleidoscópico multicolorido. Não é tão difícil chegar a essa conclusão se pensarmos que artistas tão diferentes entre si têm seu público e reconhecimento ruído/mm e Karol Conka, por exemplo, poderiam ser extremos dessa cena, cada vez mais horizontal. Mas quem representa o que há no meio? Um palpite: Trombone de Frutas.
A banda vem de uma longa trajetória experimental parte do grupo surgiu do coletivo Observatório Nome de Mulher, nascido na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e se tornou mais conhecida neste ano, quando, sob a alcunha de Bossa Urbana, foi residente no espaço +55. Recentemente, a turma conseguiu arrecadar R$ 25 mil no site colaborativo Catarse. O dinheiro serviu para finalizar o primeiro disco, Chanti, Charango?, gravado no lendário estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro. O álbum de cinco faixas será lançado hoje à noite, com show no Teatro do Paiol, em Curitiba.
"Nossa proposta foi dar mais carinho a menos coisas", explica Conde Baltazar, vocalista do Trombone, que surgiu como banda em 2011. A marca do grupo e motriz de sua originalidade é uma espécie de bagunça organizada. A técnica de Marc Olaf (piano, flauta transversal), Rodrigo Chaves (baixo), João Taborda (bateria), Marcel Cruz (percussão) e principalmente de Thiago Ramalho (guitarra), encontram contraponto na postura festiva em cima do palco. Seus shows envolvem piadas, línguas inventadas, improviso e cenas dignas de um teatro vaudeville. O desafio, parcialmente superado, foi condensar isso em um álbum.
"Quando abraçamos uma ideia, uma experiência sonora, ela vira uma convenção e se torna refinada. Nós nos permitimos brincar, mas não é só uma pira. Tem muita estrutura", argumenta Baltazar, clown por formação e Alexandre Zampier no RG.
Mistura fina
Chanti, Charango? é um tiro curto, mas múltiplo e ousado. Suas cinco faixas podem ser picotadas em muitas outras. Em "Taca Fogo", uma levada de samba urbano na guitarra dá vez a um susto à la Gentle Giant banda setentista de rock progressivo e amalucado. Em "Umbrais", um ska brincalhão de repente se transforma em uma balada provavelmente picada pela bossa nova, antes de virar o conhecido instrumental de "I Want You (Shes So Heavy)", dos Beatles, executado com maestria outras citações incluem Clube da Esquina, Astor Piazzolla e Ney Matogrosso. Pois é.
"Somos um bando de copiadores, todos nós. Reproduzimos as ideias, mas do nosso jeito", justifica o vocalista. A mesma música acaba em uma típica guajira cubana, acredite se quiser.
Deliciosamente assoviável, "Brastemp" é um jingle romântico. "Onde você lava sua roupa?/ Que eu quero saber/ Para poder lavar com você", canta a banda, em português, inglês e espanhol.
Se o álbum carece de uma produção mais cuidadosa, seu ponto forte, além de toda essa mistureba consciente, é algo maior: a sintonia com o que acontece no mundo lá fora. Isso porque a última faixa trata de bicicletas no trânsito de Curitiba. A letra é, digamos, baseada em fatos reais. "Colocamos nossas experiências na música. Uma ideia entra, sai, bate em alguém e retorna. É nosso processo", diz Baltazar. O Trombone está vivo.
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