Trombone vive dilema antes de baile sueco

O Trombone de Frutas está crescendo. O grupo acaba de voltar de uma turnê na Argentina, e é reconhecido por fazer um show competente mesmo em todos os seus improvisos. Agora, são agenciados por uma profissional de São Paulo que tem ótimas bandas em seu portfólio. Mas o intenso sexteto curitibano parece não saber, ainda, como lidar com a "indiferença" do público que não conhece seu trabalho de antemão. Ou como conquistar aqueles que ainda se assustam com a performance explosiva e teatral da banda. Foi o que se viu no Jokers, na última sexta-feira.

Em se tratando de Trombone de Frutas, o show foi estranhamente frio, quase distante. Era como se o grupo não estivesse conectado com quem não estava no palco. A possível não-aceitação instantânea tornou-se, de repente, uma barreira invisível e intransponível. Intervenções humorísticas, uma das marcas da banda, não funcionaram. Nem a gostosa versão abrasileirada de "Quizás, Quizás, Quizás". Todos têm um dia (ou uma noite) ruim. O problema é a Trombone tornar-se refém de seus próprios fãs, e só conseguir fazer bem o que faz onde o jogo já estiver ganho.

A outra metade da noite foi como um baile de formatura comandado por uma banda decente. Com larga experiência internacional, os paulistas do Garotas Suecas não tiveram dificuldade para, ao vivo, suprir a ausência do vocalista Guilherme Saldanha, que deixou o grupo. Grande responsável pelo feito foi o baterista Nico Paoliello, que detonou caixas e bumbos mesmo enquanto soltava a voz.

Ao vivo, as músicas de Feras Míticas (2013) demonstraram-se sedutoras. Há certa crueza instrumental, e um charme concentrado na figura de Irina Bertolucci (teclados). Um cover de Tim Maia pintou no início da madrugada. A divertida "Banho de Bucha", não. Apesar dos insistentes gritos de alguém disléxico ou brincalhão. "Banho de Ducha, Banho de Ducha!"