Tudo por Justiça tem trama envolvente e boas atuações

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Há uma qualidade notável no cinema do cineasta norte-americano Scott Cooper. Tanto em seu longa-metragem de estreia, Coração Louco (2009), que deu o Oscar de melhor ator a Jeff Bridges, quanto em Tudo por Justiça, em cartaz nos cinemas brasileiros desde a última quinta-feira, o diretor consegue dar às histórias que conta um genuíno senso de realidade, presente na atmosfera, nos diálogos e nas relações que se estabelecem entre os personagens (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Em comum com Coração Louco, construído em torno da vida de um cantor country alcoólatra e decadente (Bridges), Tudo por Justiça tem a proximidade com a América mais profunda, aquela vista recentemente no excelente Nebraska, de Alexander Payne, e em Inverno da Alma, misto de drama e thriller dirigido por Debra Granik, que revelou a jovem atriz Jennifer Lawrence.

Cooper, em Tudo por Justiça, tem como personagem central o metalúrgico Russell Baze (Christian Bale, de Trapaça), um rapaz que, assim como seu pai, funcionário de uma fábrica de aço em uma pequena cidade industrial por toda a vida, parece conformado com as limitações que o destino lhe reserva. O ponto de desestabilização em sua vida é o irmão, Rodney (Casey Affleck, de O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford), recém-chegado da guerra do Iraque. O rapaz se recusa a seguir os passos dos homens de sua família.

Instável emocionalmente, Rodney se mete com um agiota local, John Petty (Willem Dafoe), que lhe empresta dinheiro, e acaba perdendo tudo em corridas de cavalos e outras tentativas infrutíferas de encher os bolsos, para desespero de Russell, que tenta ajudá-lo, mas não sabe bem como.

Para cobrir suas dívidas, Rodney aceita participar de lutas clandestinas, que ele deve perder de propósito, depois de violentas sovas. Em um desses embates, realizado nas montanhas do estado de Nova Jersey, ele e Petty acabam se envolvendo com um líder do tráfico local, o sociopata Harlan DeGroat (Woody Harrelson, do seriado True Detective), e Rodney desaparece.

Russell fará de tudo para resgatá-lo, até mesmo passar por cima de seus princípios éticos.

Retrato desglamourizado da vida operária no interior dos Estados Unidos, Tudo por Justiça tem uma narrativa talvez lenta demais para o gosto médio, porque busca fazer o espectador compreender o universo que o filme está levando à tela. O roteiro, no entanto, é envolvente, tenso e as ótimas atuações de todo o elenco, com destaque para Bale, Affleck e Harrelson, fazem do filme uma boa opção para quem está fugindo dos blockbusters. GGG1/2