Ultimamente, cozinhar anda cool. O aumento de profissionais no país e um toque de glamour na profissão de chef de cozinha fez um novo segmento proliferar: os programas de competição culinária na tevê, que vem conquistando audiência e fazendo barulho na internet.
Um dos mais populares da tevê aberta, o “Master Chef”, da Band, exibido às terças-feiras, bate recordes de audiência desde a estreia da segunda temporada. Semana passada, o décimo episódio deixou a emissora em primeiro lugar no Ibope por cinco minutos, com 8 pontos. “A média acumulada dos dez primeiros episódios da segunda temporada já apresenta um crescimento de quase 70% em São Paulo, comparado com o mesmo período da primeira temporada”, diz o diretor do programa, Patricio Diaz.
A importação do modelo – criado pela BBC do Reino Unido – deu certo. “O programa aqui não deixa a desejar a nenhuma das outras versões mundo afora em audiência e sucesso comercial. Funcionou em 40 países, por que seria diferente no Brasil?”, indaga.
Talento
É possível observar, de fato, se a pessoa leva jeito para a cozinha baseado na competição de um programa de tevê? O chef Dudu Sperandio, do Ernesto Ristorante, acha que sim. “Pelo jeito que a pessoa segura a faca, já dá para ver. A diferença é se elas vão querer seguir o caminho profissional ou não”. Dudu assistiu às versões estrangeiras antes de os programas chegarem ao Brasil, e acredita que nem sempre a avaliação da prova do dia é justa. “Às vezes, um talento é jogado fora porque não se saiu bem uma vez”.
Além do ótimo desempenho dos jurados – Paola Carosella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin – e dos desafios (toda semana eles encaram diferentes provas ), o tema comida atrelado à realidade é o que garante o sucesso, acredita a jornalista, pesquisadora de narrativas midiáticas e colaboradora do portal A Escotilha, Maura Martins. “Esses programas se associam com a febre do reality, de ver as pessoas como elas são, e de o participante, supostamente, representar a si mesmo e esquecer a câmera. Também concorda com um discurso vigente sobre o modo de vida simples, do retorno às origens, de fazer a própria comida”, acredita.
O clima de tensão é outra característica recorrente. Na tevê paga, “Cozinheiros em Ação”, do canal a cabo GNT, que estreia nova temporada na quinta-feira (6), com apresentação de Olivier Anquier, promete aumentar a disputa trazendo duplas com alguma ligação familiar ou afetiva para cozinharem. E assim correrem juntas o risco de eliminação.
No “Cozinha Sob Pressão”, do SBT, que encerrou a segunda temporada no final de julho (a emissora exibe agora o “Bake Off Brasil”, exclusivamente de confeitaria, no sábado, às 21h30), o conflito da cozinha foi a cereja do bolo. O chef Carlos Bertolazzi, espécie de Gordon Ramsay brasileiro (foi o inglês o criador do original, “Hell’s Kitchen”), não poupou deboche na apresentação. “Meu negócio é ser cozinheiro, não atuar. Mas sou muito exigente dentro da cozinha, até mais grosso do que no próprio programa”, confessa. “Mas tentei usar mais da ironia do que a agressividade”.
Diferente do “Master Chef”, os participantes do “Cozinha” são cozinheiros profissionais. “Os ganhadores, nas duas temporadas, são chefs que eu contrataria para o meu restaurante [o Zena Caffé, em São Paulo], que demonstraram conhecimento, gerenciamento de equipe e liderança”, comenta Bertolazzi, que salienta ainda a repercussão da segunda temporada. “A primeira foi bem, mas na segunda, fomos para o horário nobre. O retorno foi imenso, tanto de audiência como em citações no Twitter”. A terceira temporada deve estrear em outubro.
Programe-se
Quintas-feiras, às 21 horas, no GNT.
Terças-feiras, às 22h30, na Band.
Segunda tela
A participação no Twitter mostra um novo modo de assistirmos televisão, chamada, de acordo com Maura, de “segunda tela” – a pessoa interage com o programa pela internet, e deixa de ser um espectador passivo. “Uma imagem ou erro rapidamente viram piada na internet. Há uma velocidade de resposta impressionante”.
O “Master Chef” lidera há 10 semanas o Ibope Twitter TV Ratings, levantamento que mensura a repercussão do conteúdo televisivo no ambiente digital – foram 380 mil menções no Twitter na terça passada.
Esse novo comportamento, salienta Maura, é um desafio para as redes. “É preciso pensar que a tevê não é um veículo superior, mas que dialoga”. E a moda não é passageira. “A pessoa comum, o ‘gente como a gente’, deve continuar atraindo. Faz parte de um movimento pela busca do que é autêntico”, aposta.
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