Com o anúncio recente da FX, num evento da Television Critics Association, de que a rede estava prestes a receber um roteiro para “Y: O Último Homem”, será que é possível que estejamos mais perto de finalmente vermos uma adaptação em live-action de uma das maiores histórias já contadas nos quadrinhos?
Mas talvez a pergunta mais importante a ser feita seja: será que a FX é o lugar certo para se contar essa história?
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Publicado pela Vertigo Comics,“Y: O Último Homem”, uma criação do roteirista Brian K. Vaughn e pela artista Pia Guerra, é a história apocalíptica de Yorick Brown e seu macaco de estimação, Ampersand, que se tornam as últimas criaturas portadoras do cromossomo Y no planeta após uma epidemia matar todos os machos de todas as espécies existentes.
A Vertigo Comics, o selo de conteúdo adulto da DC Comics, deu a Vaughn e Guerra a liberdade para contarem uma história adulta, com profanidade, nudez, sexo e violência – o tipo de recursos narrativos que poderiam fazer os fãs da série acharem que a adaptação para a TV ficaria melhor nas mãos de canais como a HBO ou Showtime.
A New Line Cinema tinha os direitos para “Y: O Último Homem” e inicialmente quis utilizá-los para fazer um filme.
Mas a história vasta de “Y: O Último Homem” acabou sendo o pior inimigo da New Line. Os quadrinhos foram publicados entre 2002 e 2008, em 60 edições (publicadas em 10 volumes na forma de graphic novel).
Melhor na HBO?
Uma história desse tamanho nunca funcionaria como um filme de duas horas, mesmo se a possibilidade de fazer vários filmes entrasse na equação. Uma hora os direitos de “Y” voltaram para Vaughn, que agora está trabalhando com Michael Green (de “Deuses Americanos” e “Logan”) num roteiro para a FX.
A HBO ou a Showtime talvez pudessem ter fornecido um molde narrativo mais transgressor para “Y: O Último Homem” (e a HBO merece todo o crédito por ter conseguido adaptar uma história tão longa como “Game of Thrones”, que tem um escopo parecido). Mas a FX já produziu a sua cota de seriados extremos (“The Americans”, “Sons of Anarchy”), e talvez esse fosse possível que “Y” fosse ao ar num horário como o das 10 horas da noite.
Além do mais, hoje há uma liberdade muito maior na televisão, e os palavrões e o sexo nunca foram o principal foco da história em geral. Independente do que muitos pensaram sobre o que poderia acarretar uma história que gira em torno de um único homem num planeta cheio de mulheres, parte do que faz com que “Y” seja tão adorado é que a história nunca toma o rumo que a maioria das pessoas presumiria que ela poderia tomar, além de ser repleta de personagens femininas incrivelmente bem escritas, tanto heroínas e vilãs.
O cerne do que faz com que “Y: O Último Homem” seja especial – a jornada de Yorick num mundo sem homens em busca de sua namorada, sua relação cômica com sua protetora, a Agente 355, e as mulheres que tramam para explorá-lo ou matá-lo – é mais do que o suficiente para produzir televisão de qualidade.
Parece-me que, quanto à adaptação de “Y: O Último Homem”, enfim, não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”.
David Betancourt escreve sobre todos os aspectos da cultura dos quadrinhos para o blog Comic Riffs do The Washington Post.
Tradução: Adriano Scandolara