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“Enquanto uma atriz consegue uma boa performance em um único papel, ela faz isso com ao menos 12”. A frase acabou virando praxe ao se apresentar “Orphan Black”, série pela qual a canadense Tatiana Maslany – finalmente! – conquistou o Emmy de melhor atriz dramática na noite de domingo (18). O prêmio fez justiça ao que os fãs da história de ficção científica já sabiam: Tatiana é, atualmente, a melhor atriz do mundo. E seu jeito divertido e humilde (levou ao palco o celular para não esquecer nenhum nome durante os agradecimentos), contribuem ainda mais para o título.

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Até ser indicada no ano passado (Viola Davis, de “How to Get Away with Murder” acabou vencendo), vinha sendo solenemente ignorada pelas premiações. “Acho que há uma ideia de que a atuação é menos importante que os efeitos especiais nesse tipo de série”, afirmou para a Rolling Stone no início de 2015.

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“Orphan Black” já exibiu quatro temporadas e ela, que completa 31 anos nesta quinta-feira (22), já fez de tudo na pele de múltiplas personagens. O script ajuda: ela começa a série como Sarah Manning, que testemunha o suicídio de Elizabeth, assustadoramente igual a ela. Descobre que era um clone seu. E vai conhecendo outros ao longo dos episódios.

“Quando fiz o teste para a série, ignorava cegamente que era um desafio. No dia em que ganhei o papel, eu disse: “Ah, não consigo fazer isso! Eu não poderia nem ser a protagonista, quem dirá ser a protagonista assim (com inúmeros papéis)”, confessou a atriz, aos risos, na mesma entrevista à Rolling Stone.

Rotina de atleta

Filmar a série exige fôlego de atleta: além de cada personalidade, Tatiana por vezes tem que personificar um clone se fazendo passar por outro. Sotaques, trejeitos, orientações e identidades sexuais (um dos clones, Tony, é transgênero) e comportamentos radicalmente opostos são elementos que ela tem que modificar inúmeras vezes durante as gravações. E os resultados são ótimos, compensando até algumas falhas do roteiro.

Sarah (cabelo escuro) enfrenta Rachel, um de seus clones.  

A atriz tem uma dublê, Kathryn Alexandre, que ajuda nas falas e na marcação das cenas quando os clones têm de dividir cenas, incluindo sequências de ação, em que tem que trocar socos, graças à computação gráfica, consigo mesma. Ela também usa um ponto no ouvido para relembrar as passagens que gravou pouco antes como outro personagem.

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São necessárias até 17 horas de trabalho por episódio, incluindo também trocas de figurino e maquiagem. As transformações são obra do maquiador Stephen Lynch, um dos nomes que a atriz agradeceu durante o discurso.

Em entrevista à revista Vanity Fair, Lynch disse que antes dos primeiros testes de maquiagem, duvidou que fosse possível transformá-la tão radicalmente porque ela não fazia o tipo dos sonhos dos maquiadores de produções como essa: seus cabelos e sobrancelhas são escuros e, a pele, longe da palidez. “Tatiana é extraordinária, um camaleão”, concluiu depois de vê-la em cena.

A conta de tanta dedicação veio quando as gravações da primeira temporada acabaram. Ficou completamente esgotada. “Meu cérebro desligou. Eu passei um tempão apenas dormindo e comendo”, afirmou ao site Daily Beast.

Depois da primeira experiência, ela tem se recuperado mais rápido e agora aproveita os intervalos entre temporadas para fazer cinema. Filmou “A Dama Dourada” (2015) e “Stronger”, que estreia no próximo ano, sobre o atentado na maratona de Boston de 2013.

Agora é esperar o que esse reconhecimento trará. Talvez os produtores de “Rogue One: Uma História Star Wars”, que estreia em dezembro, já amarguem algum arrependimento por terem preterido Tatiana em favor da britânica Felicity Jones no papel principal.

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Onde ver :

As quatro temporadas já exibidas de “Orphan Black” estão disponíveis na Netflix.

Sarah Manning. A protagonista testemunha o suicídio de uma mulher e assume sua identidade para tentar recomeçar a vida ao lado da filha. Ela foi criada em orfanatos e casas de adoção na Inglaterra. Descobre que tem inúmeros clones espalhados pelo mundo e forma alianças com Cosima e Alison.
Cosima Niehaus. Mora nos Estados Unidos e está cursando PhD em Biologia quando a história começa. Deixou a namorada em São Francisco para ir estudar em outra região do país e sofre com uma doença crônica, possivelmente causada por sua condição de clone.
Alison Hendrix. Mãe de família amalucada, ela mora no Canadá e tem um histórico típico: foi animadora de torcida no colégio e conheceu o marido na faculdade. e adotou dois filhos. Sob essa aparência perfeita, ela esconde um alter engraçado e extremo.
Helena. Como Sarah, não foi monitorada pelo sistema que criou os clones. A princípio, é uma das principais ameaças aos clones, já que foi treinada para eliminá-los. Seu comportamento oscila entre a loucura e inocência.
Rachel Duncan. Outra antagonista da história, é uma das únicas a saber, desde o início, que sua existência é fruto de uma experiência. Foi adotada e teve uma infância tranquila na Inglaterra e hoje trabalha para a organização que criou os clones.