Deborah Secco| Foto: Globo / Ellen Soares

Sem fazer novela desde 2011, quando trabalhou em "Insensato Coração" (Globo), Deborah Secco está de volta como a aeromoça muambeira Inês de "Boogie Oogie" (Globo).

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O período longe das tramas diárias não significou férias para ela. Na televisão, a atriz esteve no ar no seriado Louco por Elas (Globo). Mas foi o cinema, no qual viveu a soropositiva Judite no longa-metragem "Boa Sorte" (que tem estreia prevista para outubro), o responsável por proporcionar a ela um amadurecimento pessoal e profissional nunca antes experimentado. "Volto para a novela com outra energia", afirma.

Conhecida por emprestar seu corpo às mais variadas transformações para viver seus personagens - já engordou e emagreceu inúmeras vezes -, Deborah revela que, para esse retorno, teve de se submeter a pior transformação de todas: colocar unhas postiças, acessório que não a deixa usar o Whatsapp, aplicativo de celular para mensagens instantâneas. "É um pesadelo", brinca ela.

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Confira a seguir os melhores momentos do bate-papo com a atriz.Você é conhecida por mudar o corpo para as suas personagens. Para a Inês, quais foram as principais alterações?

DEBORAH SECCO - A única coisa que o Ricardo (Waddington, diretor-geral da novela) me pediu foi para voltar a ficar loira, o que para mim é muito difícil, porque o meu cabelo, realmente, não está podendo mais, e colocar essas unhas postiças, que me atrapalham muito.Os cuidados com os cabelos estão maiores?

DEBORAH - Com certeza. O loiro exige muito mais cuidado: protetor solar, ir mais vezes ao salão. Não sou muito paciente com essas coisas. Outro dia, me perguntaram se engordar e emagrecer era complicado e eu respondi que ficar com essas unhas postiças é muito mais. Digitar com essas unhas, viver sem Whatsapp é muito difícil. É um pesadelo (risos).

Você gosta de estar loira?

DEBORAH - Se eu disser que não tenho preferência, é mentira. Gosto do meu cabelo curtinho e castanho, mas não tenho opção. Escolhi ser atriz e disponível fisicamente para os meus personagens. Então, como estou hoje, não importa. Parece clichê, mas estava feliz magra, gordinha e agora. Contanto que seja para um trabalho e que eu tenha conseguido chegar ao objetivo. Por exemplo, tive de perder 11 quilos em três semanas. Era uma meta muito radical, mas, quando a gente alcança, a felicidade é enorme. Quando precisei engordar e vi que consegui, que as minhas calças não passavam dos joelhos, fiquei muito feliz. É como se fosse uma gincana e eu me sentisse vitoriosa.

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Mesmo com todas essas mudanças, você está sempre linda e em forma. Como consegue?

DEBORAH - Hoje, por exemplo, estou fazendo treinamento funcional A minha ideia é não emagrecer demais, mas quero ganhar massa magra. Também faço pilates, muay thai e outras coisinhas. Tenho uma equipe com nove profissionais. Nem sempre sei qual personagem vou fazer. O que mais me ajuda é essa falta de rotina Se ganho gordura, eles aumentam o exercício aeróbico; se preciso ser menos forte, fazemos uma coisa mais leve.

E como está a vida amorosa? Está difícil arranjar namorado?

DEBORAH - Não é difícil, acho que são prioridades na vida. Foquei muito no trabalho, sempre tive isso como uma coisa muito importante para mim. Tive uma família que dependia de mim e isso sempre foi um foco. É muito delicado generalizar, porque foram pessoas diferentes, não dá para falar de modo geral. As coisas aconteceram como tinham de ser e, na hora certa, podem voltar a acontecer. Sem muita ansiedade.

Você acha que mulher independente assusta os homens?

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DEBORAH - Acho que sim. Quando você sabe o que te faz bem, é melhor ficar sozinha do que em uma relação que te faz mal. Essa pressão de ter de ser como a sociedade quer não faz sentido para mim. Principalmente depois desses últimos filmes que fiz: "Bruna Surfistinha" (história real de uma prostituta), no qual convivi com garotas que têm uma vida difícil; e "Boa Sorte", no qual interpretei uma soropositiva prestes a morrer que vive uma linda história de amor. Ela me fez ver que a vida é muito curta, e o que vale é a gente estar feliz agora, e estou. Hoje, tenho muita tranquilidade com o meu amanhã. Pode ser que ele nem aconteça.

Você se considera no auge da vida e da carreira?

DEBORAH - Acho que tive vários auges. É engraçado, porque sempre vêm depois de grandes momentos de dor ou de dificuldade. Aprendi grandes lições. Graças a Deus, pude viver, profissionalmente, dois personagens que me fizeram crescer e amadurecer e ver a vida de uma forma muito mais leve e real. Antigamente, desejava saúde para as pessoas, como se fosse a coisa mais importante. Hoje, desejo alegria, felicidade. Conheci crianças felizes que tinham pouquíssimo tempo de vida e gente com tudo na vida e muito infeliz.

O que te deu esse amadurecimento?

DEBORAH - Principalmente essa personagem do filme "Boa Sorte", a Judite. Ela é uma soropositiva que está com os dias contados e é a pessoa com mais vida que já fiz. É livre, vive bem com a sensualidade, mesmo sem forças. É tão louco, porque, às vezes, a gente quer ter tudo e tendo tudo, não é feliz. E tem gente que não tem nada e, mesmo assim, é feliz como não se imagina. A Bruna também me ensinou como a vida é difícil e como as coisas podem ser cruéis para algumas pessoas. É tão difícil que aprendi a ver tudo com uma leveza tão maior. A minha vida é muito incrível. Ainda não sei o que a gente faz por aqui, o que leva daqui, mas, com certeza, é para entender que somos pequenos diante de coisas tão importantes.

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Estar longe das novelas por um tempo foi opção sua?

DEBORAH - Fiquei longe das novelas, mas não da televisão. Fiz Louco por Elas (2012-2013). Mas busquei, sim,porque já fiz 20 e poucas novelas. Queria me propor outros tipos de desafios profissionais, lembrar da atriz que eu era aos 12 anos. Foi muito bom poder participar de um filme como "Boa Sorte", viver uma história de amor, principalmente para mim, que acredito em príncipe encantado e em amor com trilha sonora. Buscar essas emoções me realizou tanto que me fez retornar para a televisão de uma forma mais verdadeira, voltar para a novela com outra energia.