A história de Juan Carlos Poca, 14 anos, foi apresentada já no primeiro episódio da segunda temporada do “The Voice Kids”, em janeiro. O adolescente de Foz do Iguaçu, que morava em um abrigo, se considerava “um menino de sorte”. Chegou para as audições às cegas com “Cê que Sabe”, hit de Cristiano Araújo na ponta da língua. Antes mesmo de a dupla Victor e Léo virar a cadeira em aprovação à performance, Juan parecia tranquilo, interagindo com o público e ‘arrochando’. Carisma puro.
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Leia a matéria completaNão foi surpresa, portanto, quando o garoto foi anunciado no último domingo (26) como um dos finalistas do reality show que em 2016 também consagrou um paranaense. Juan chegou entre os três melhores depois de disputar com outros 69 participantes ao longo de quase quatro meses de programa. Levou 30 pontos do técnico, Léo, e mais 61 do público. Neste domingo (2), ele concorre com o gaúcho Thomas Machado,9 anos, e a fluminense Valentina Francisco, 11, ao troféu e uma premiação em dinheiro de R$ 250 mil e um contrato de gerenciamento de carreira com a gravadora Universal.
No domingo, Juan Carlos enfrenta ao vivo dois participantes bastante queridos pelo público. Do time de Ivete Sangalo, o finalista é o caçula Thomas Machado, 9 anos, de Estância Velha (RS). Representando a equipe de Carlinhos Brown, está Valentina Francisco, 11, “roqueira” de Petrópolis (RJ).
O gauchinho costuma se apresentar pilchado: com bombacha, lenço, bota e chapéu. Na primeira audição, estava ainda com a sua gaita, que toca desde os 5 anos. Gosta de sertanejo como o colega paranaense, mas já se apresentou cantando MPB. Com o irmão mais, Eduardo, tem uma dupla.
Já Valentina sente-se mais à vontade cantando rock. Na sua audição, cantou Led Zeppelin e o vídeo viralizou. Também fez adaptações de Rita Lee e Roberto Carlos e Janis Joplin.
Pouco antes do início da exibição do programa, a sorte do garoto já começara a mudar. Desde o fim de 2016 ele deixou o abrigo para onde foi levado pelo Conselho Tutelar. Voltou a morar com parte da numerosa família. Daphnee, 22 anos, uma de suas irmãs mais velhas, conseguiu sua guarda. “Nós vínhamos tentando há tempos. Conseguimos trazer não só ele, mas nossos outros irmãos menores que também estavam em abrigos. O Juan foi um dos últimos a voltar para casa”, afirma Daphnee, agora responsável por ele e a irmã Cinthia.
Foi o pessoal do abrigo, onde era cuidado por duas mães sociais, que incentivou a inscrição no programa no ano passado. Aprovado nas primeiras etapas, começou a ser orientado pelo professor de música e produtor Gilson de Sousa a pedido do promotor da Vara da Infância e da Juventude de Foz. O menino já tinha estrela quando os trabalhos começaram. “Juan não é um cantor. Ele é um artista, que conhece as próprias limitações e, dentro disso, pode se tornar grande. Esta é a parte mais complexa da coisa, porque um artista não pede permissão para entrar no seu coração”, diz o produtor.
“Descolado”, nas palavras de seu produtor, Juan já sabe como entrar no palco e se relacionar com o público, o que lhe dá uma certa tranquilidade a poucos dias da final, mas não diminui o ritmo da preparação. “Ensaio muito mais agora, estar na final é muita responsabilidade. Pretendo superar as expectativas do público que me acompanha”, afirmou.
Música gospel
Apaixonado pela música sertaneja, Juan tem técnica vocal para encarar qualquer gênero, diz Sousa. “Ele canta músicas do Michael Jackson, da Whitney Houston. Mas ele gosta demais de sertanejo. E levamos isso em conta”, diz.
A maior referência musical, no entanto, é a família. “Foi onde comecei realmente a cantar”, afirma Juan. O pai vendia CDs e agora, mesmo morando em casas diferentes, toda reunião é uma desculpa para a cantoria. A própria Daphnee, que atualmente trabalha como vendedora de sapatos, tem uma excelente voz, conta Gilson de Sousa. “O talento musical é coisa de família mesmo”, diz o produtor. “O Juan cresceu me ouvindo cantar e eu pretendo investir nessa carreira. Componho músicas desde os 14 anos”, confirma.
De Léo Chaves, que segue sozinho como técnico depois que o irmão Victor se afastou, ele diz que o conselho mais valioso é que “a humildade é importante para tudo”. Se o troféu vier para as suas mãos no domingo, o direcionamento surpreende. “Eu vou ser cantor gospel”, afirma ele, que pretende cumprir a promessa que fez ao se inscrever no programa.
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