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 | Miguel Nicolau/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Miguel Nicolau/Especial para a Gazeta do Povo

Um casal inusitado às voltas com os desastres típicos do início de um relacionamento. Essa é a premissa da nova produção da Netflix, “Love”.

A série escrita por Judd Apatow, roteirista de “O virgem de 40 anos”, e pelo casal Paul Rust e Lesley Arfin narra o tortuoso caminho percorrido por Gus, interpretado por Rust, e Mickey (Gillian Jacobs) até o entendimento de que talvez exista qualquer coisa parecida com o amor entre eles.

Binge-watching

Quando você se empanturra de episódios de uma série, faz binge-watching. Críticas nos EUA apontaram para o fato de que “Love” é uma série pensada para ser assistida de uma vez só, como se os dez episódios de 40 minutos cada um fossem, na verdade, um filme de 6h40.

A ideia não é exatamente inovadora e a execução é repleta de clichês: temos Gus, o nerd-boa-praça, o legítimo “piá bom”, inteligente, gentil e sem nenhum traquejo social; Mickey, a gatinha cool e desencanada cuja insegurança emocional a leva para a cama com qualquer um que lhe dê um pouco de atenção; Bertie, a amiga estranha, engraçada e leal, em contraponto a Mickey.

Todo mundo sabe o que vai acontecer. O título da série e a apresentação dos personagens já entregam o desfecho, para o desespero de quem não sabe lidar com spoilers (superem). O que importa mesmo aqui é o caminho. Aquele tortuoso.

“Love”

Os dez episódios da primeira temporada estão disponíveis na Netflix, produtora da série. Ainda não há previsão para uma segunda temporada.

E aí a série se revela um teste de resistência. Vejam: os cinco primeiros episódios são uma sucessão de cenas e diálogos que oscilam entre o cômico-inteligente e o simplesmente constrangedor. Os menos pacientes irão se perguntar: por que diabos a história de Mickey e Gus merece ser contada?

Resistam. A segunda metade reserva boas surpresas. Os personagens amadurecem; é como se deixassem de agir como adolescentes tensos e bêbados e passassem, finalmente, a agir como o que realmente são: adultos ferrados, cheios de inseguranças e demandas emocionais projetadas sobre o outro.

A essa altura, o enredo confronta Mickey com um problema sério e desafia Gus a ter empatia pela mulher que, parece, ele ama. A história finalmente deslancha. A mensagem de “Love” é essa: o amor dói e chegar até ele é difícil, porque carregamos todos uma enorme bagagem emocional.

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