Úrsula (Sílvia Pfeifer) e Maria Inês (Christiane Torloni) na explosão de Alto Astral: citação.| Foto: Fábio Rocha/GShow

Dia desses, assistindo a um capítulo de Alto Astral, a novela das 19 horas mais divertida dos últimos tempos, vi a personagem Samantha (Claudia Raia) filosofando com seu fiel escudeiro Pepito (Conrado Caputo), como ela poderia entrar na Globo e ser atriz. "Eu poderia ser uma vilã da Gloria Perez, Pepito. Aquela que matava as pessoas com uma seringa!". Ou ainda: "Também poderia ser a mocinha do João Emanuel Carneiro e cantar ‘Que Beijinho Doce’!." Surpresa! Todos os personagens foram interpretados pela própria Claudia Raia em outras novelas.

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E essa não é a primeira vez que uma personagem da atriz abusa da metalinguagem. Em Tititi (2010), Jaqueline, também lembrada neste diálogo, inconformada com seu desfecho romântico, desabafa e afirma que vai "mandar um torpedo pra esses autores!". Imagina a personagem mais querida terminar sozinha?

Mas a maior metalinguagem da história do horário das 19 horas foi vista em outra cena: Samantha, a paranormal, avisa a todos que um shopping irá explodir e, portanto, deve ser evacuado. A surpresa é que quem está no shopping são Úrsula (Silvia Pfeifer) e Maria Inês (Christiane Torloni), que, ao saber da evacuação desabafa: "Explosão? No shopping? Só pode ser karma!!!". Em seguida sai correndo para salvar Úrsula, com quem tinha almoçado e, ao encontrá-la, a personagem de Silvia Pfeifer choraminga: "Não quero morrer!", e a de Torloni responde: "Fica calma, Úrsula, não vai acontecer nada com a gente. Dessa vez, não!".

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As cenas acima, para quem não entendeu ou não lembrou, remetem à novela Torre de Babel, exibida em 1998, na qual as personagens de Torloni e Pfeifer morreram na explosão do shopping Tropical Tower da trama. Na época, as duas, que viviam um romance, não foram bem recebidas pelo público, e o autor Silvio de Abreu -- hoje supervisor de Alto Astral -- teve de matar as duas personagens na tal explosão.

O fato é que, após tanto tempo, Silvio, de um jeito ou de outro, conseguiu salvar suas personagens. E melhor: evocar uma memória afetiva dos noveleiros ao usar a metalinguagem. Ou não é divertido ver cenas como essas e lembrar da mesma Claudia Raia chamando Malu Mader de "fera radical" na novela Tititi?

Tomara que a autorreferência continue em alta em 2015 e que o Vídeo Show aproveite bem esses recursos com matérias divertidas.

Relembre a explosão do Tropical Tower no blog.