Marcelo Madureira: separando o cidadão do humorista| Foto: Vinícius Tamer/Divulgação

Por telefone, do Rio de Janeiro, Marcelo Madureira reclama do calor. “Eu gosto de frio, chuva, geada”, diz o humorista nascido em Curitiba, revelando do que sente falta no Paraná. Há mais de quatro décadas ele deixou a cidade com a família rumo ao Rio, onde se instalou e fez uma carreira de sucesso, especialmente com o programa “Casseta & Planeta”. O humorístico ficou no ar por mais de 18 anos e acabou no fim de 2012. Desde então, Madureira tem se dividido entre o rádio, a internet e a militância política.

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Ex-militante do Partido Comunista, hoje Madureira é um opositor ferrenho do governo Dilma Rousseff (PT). Participa das manifestações pelo impeachment, onde é saudado pelos participantes. Agora, se prepara para voltar à TV com a velha trupe, no “Procurando Casseta & Planeta”, atração que deve ir ao ar em novembro pelo canal Multishow. O programa promete unir as duas atividades mais presentes na sua vida, o humor e a política.

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“O Marcelo cidadão é uma coisa, ele tem seu posicionamento político e deixa isso bem claro. Já o humorista Marcelo Madureira é implacável, não poupa ninguém”, garante. O viés político deve ser uma das marcas do novo “Casseta”, conforme adianta Madureira em entrevista à Gazeta do Povo. De acordo com ele, o programa vai satirizar o sumiço dos humoristas e a “decadência” do grupo após o fim da atração na Rede Globo.

“Nossa desgraça começou com uma entrevista que eu dei na televisão chamando o ex-presidente Lula de bandido. Por conta disso eles acabaram com o programa, eu fui sequestrado e levado para Cuba, onde sofri uma lavagem cerebral”, afirma Madureira, adiantando parte da trama do novo humorístico, que contará com todos os integrantes originais. Eles terminaram recentemente de escrever a história e as gravações começam em junho.

Para Madureira, a equação humor e política faz falta na TV aberta desde que o Casseta & Planeta deixou a programação. As críticas do grupo, inclusive, teriam sido um fator que pesou para o fim do programa. “Nossa participação na TV atravessou várias gestões, desde a do [José] Sarney. A única em que enfrentamos algum tipo de pressão foi durante o governo Lula”, revela.

Quanto ao humor de uma forma geral, o “Casseta” paranaense vê como positiva a abertura promovida pela internet, que passou a oferecer um cardápio extenso ao público, com diferentes maneiras de fazer rir. Ainda que nenhuma delas o tenha impactado significativamente. “Esse programa ‘Tá no Ar’ é bom, mas é uma cópia do ‘Casseta & Planeta’. Isso nos deixa honrados, mas ao mesmo tempo decepcionados, já que eu acho pouco apenas copiar algo que já foi feito”, avalia.