A HBO não tem um Oscar nas mãos. Mas a julgar pelos patamares que atingiu com “Game of Thrones”, que terminou sua sexta temporada na noite de domingo (26), o canal pago tem causado na televisão o impacto que os blockbusters de Hollywood causam no entretenimento.
O penúltimo episódio foi visto por 23,3 milhões de americanos, somando os índices da TV e dos aplicativos de vídeo sob demanda (HBO Go e HBO Now, este último ainda indisponível no Brasil).
Fosse contabilizado o número de downloads ilegais, a audiência de um episódio de “Game of Thrones” possivelmente ultrapassaria à da cerimônia do Oscar, acompanhada neste ano por 34 milhões de espectadores no canal aberto ABC.
No Brasil, a série obteve audiência 148% maior do que no ano anterior, segundo a HBO - que não revela números absolutos.
O orçamento de US$ 100 milhões por temporada (cerca de dez horas) pode parecer tão inofensivo em Hollywood como uma jovem órfã de cabelos prateados perdida no deserto dominado por selvagens. Só o último “Capitão América”, maior bilheteria do ano, dispôs de US$ 250 milhões para duas horas e meia de superpoderes.
Porém, a capacidade de “Game of Thrones” de arrebatar meio mundo diante da TV num domingo à noite - e tornar-se quase instantaneamente o assunto mais comentado no planeta nas redes sociais - são como o trio de dragões que permitem à órfã conquistar territórios inteiros.
Baseada na saga de romances fantásticos de George R.R. Martin, “Game of Thrones” ultrapassou a sua origem literária - o autor ainda não concluiu o sexto livro.
A atual era de ouro da televisão americana se notabiliza pela minúcia dramática de suas narrativas, que cozinham em fogo baixo antes de golpear a audiência com desenlaces surpreendentes.
Este é um dos elementos mais saborosos de “Game of Thrones”: as motivações de cada personagem (e são muitos, na falta de um protagonista claro), saboreando as estratégias pelo poder como num jogo de tabuleiro.
Falhas
*O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS
Mas, à medida em que ganhou relevância cultural, “Game of Thrones” colocou na mesa efeitos especiais cinematográficos, culminando uma sequência de batalha sem precedentes na TV.
No entanto, parece ter também apelado ao que há de pior em Hollywood: roteiros cambaleantes e soluções frágeis.
Por exemplo: Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), desaparecida durante toda a temporada, ressurge em seu palácio no exato instante em que a cidade agoniza na iminência de uma batalha. Resolve a questão montada em seus dragões, e incinera os inimigos. Se sofreu para chegar lá ou como a viagem ocorreu, não sabemos.
Outra situação foi a da batalha de 20 minutos entre os exércitos dos bastardos Jon Snow e Ramsay Bolton. De repente, surge Sansa Stark com uma cavalaria salvadora e decisiva. Como chegou ali, também não sabemos.
E ainda há muito a resolver antes da guerra pelo trono terminar em um tempo curto: há pelos menos duas temporadas encomendadas.
Mas nada disso tem ameaçado o reinado de “Game of Thrones” na TV, que deve garantir outros prêmios neste ano, além dos 12 Emmys que já tem na mão.
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